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Coleção rememora as paixões de Guillermo Cabrera Infante

'A Ninfa Inconstante' retrata as dores da Cuba pré-revolucionária

DE SÃO PAULO

Estela ainda não tem 16 anos e nem entende as palavras complicadas do crítico de cinema que se apaixonou por ela. Ele é bem mais velho e tem uma esposa que se cansou de esperar por ele.

Em "A Ninfa Inconstante", romance póstumo do escritor cubano Guillermo Cabrera Infante (1929-2005), a complexidade dos relacionamentos revela a distância que se estabelece entre dois amantes.

Essa, porém, não é mais uma história de amor em que um intelectual maduro se encanta pela beleza de uma adolescente simplória e ingênua. Estelita pode ser muitas coisas, menos inocente.

Cabrera Infante mistura referências literárias e cinematográficas, cria jogos de palavras e frases ambíguas, desenvolvendo diálogos que só fazem sentido no universo criado pelo autor.

E, apesar de toda a complexidade, a leitura não perde sua força cativante, já que a forma quase espontânea com que o texto transmite a beleza de cada pequena lembrança, não deixa de estar presente ao longo da trama.

Ao ritmo do mar e da música caribenha de uma Havana de antes da Revolução Cubana (1959), o romance se desdobra em uma constante busca pelas paixões e ilusões do protagonista.

O livro vai se transformando sob o olhar do leitor, que testemunha as cores e tragédias de uma época única na história de Cuba, em que as referências familiares, literárias, musicais e cinematográficas adquirem uma importância maior.

Filho de cofundadores do Partido Comunista em Cuba, Guillermo Cabrera Infante desde cedo se viu imerso em um ambiente de forte discussão política.

Chegou a ter papel de destaque no governo, entre 1959 e 1965, após a chegada de Fidel Castro ao poder, mas suas críticas ao regime o obrigaram a se exilar em Londres.

A importância de sua obra foi reconhecida com o Prêmio Cervantes de 1997.

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