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Televisão

Gay de 'Avenida Brasil' pode ser hétero

Ator Daniel Rocha, em seu primeiro papel na TV, prefere não se manifestar sobre a sexualidade do personagem

Presidente da ABGLT diz que militância gay está em paz com a Globo e elogia episódio do 'Na Moral', com Pedro Bial

Fabrício Mota/TV Globo/Divulgação
Daniel Rocha e Ísis Valverde em cena da novela
Daniel Rocha e Ísis Valverde em cena da novela

ELISANGELA ROXO
DE SÃO PAULO

Todos desconfiam que Roni é gay em "Avenida Brasil", novela das 21h da Globo, que nesta semana marcou novo recorde de audiência: teve média de 46 pontos de ibope (cada ponto equivale a 60 mil domicílios na Grande SP).

Na lua de mel, o jogador do Divino Futebol Clube conta à mulher -com quem trocou o primeiro beijo no altar- que não consegue parar de pensar no colega de time Leandro, por quem ele parece estar apaixonado.

Ele e Suelen (a moça desejada por todos os homens da novela, que aceitou se casar com ele para não ser deportada para a Bolívia) tomam um porre de champanhe na noite de núpcias e na manhã seguinte, o marido pergunta, com espanto: "O que você está fazendo pelada na cama?".

"Foi lindo, viu? Tu devia ter visto", ela responde.

O personagem, descrito no site da novela como alguém que "esconde sua homossexualidade do pai machão", pode estar mudando de time, mas ainda não fica claro se para o dos héteros ou o dos bissexuais. E talvez isso não tenha muita importância.

TANTO FAZ SE ELE É?

O ator Daniel Rocha, intérprete de Roni, diz que a ambiguidade é um elemento presente desde seu primeiro teste para o papel. "Fiz [no teste] uma cena muito interessante porque tinha uma dualidade dele se interessar pelo amigo e isso tinha que ficar claro em apenas cinco frases", lembra Rocha, que era do Centro de Produção Teatral, de Antunes Filho, antes de fazer sua primeira novela.

Ele prefere não se manifestar sobre a sexualidade do personagem. "Na vida a gente muda o tempo todo. Ele pode ficar com a Suelen ou com o Leandro, tanto faz."

Rocha, porém, diz não ter dúvidas de que seria uma honra ser o primeiro ator a encenar um beijo homossexual numa novela da 21h. E pondera que o público ainda é muito conservador para ver um afeto explícito entre dois homens no horário nobre.

"Seria ingenuidade da minha parte dizer que não existe preconceito. Quando [o sentimento do personagem] é de verdade, sem estereótipo, a questão fica mais complexa", afirma.

Toni Reis, presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) acredita que não é o caso de rotular Roni. "A orientação sexual dele é o que menos importa. A TV está mudando e a militância gay, amadurecendo."

Ele diz que o movimento está "em paz com os noveleiros". "A Globo tem se mostrado bastante séria [ao retratar homossexuais]."

Reis cita como exemplo de respeito à causa o episódio do programa "Na Moral", com Pedro Bial que, há três semanas, mostrou a cerimônia de um casamento lésbico, com direito a selinho entre as noivas. "Não pode é ser forçado. Problema haveria se mostrassem que o Roni pode ser curado."

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