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Diretor quer fazer um "'Crepúsculo' brasileiro e atual"

Montagem terá figurino com fitas do Bonfim, projeções criadas por VJs e beijaço com 35 casais, um deles, gay

Para Lopes, sua missão é popularizar ópera: "Nosso ingresso é mais barato do que o de qualquer show da MPB"

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Fazer como Wagner fez não me interessa. Quero encenar uma ópera antropofágica, tropicalista, que comunique com o público daqui", diz André Heller-Lopes, diretor cênico da montagem que estreia no domingo (12/8).

Seu "Crepúsculo" à brasileira traz fitinhas do Bonfim, medalhas de santos católicos, elementos do candomblé e do boi-bumbá e referências ao cinema nacional dos anos 1920.

No desfecho da encenação tradicional, um fogo lambe os cenários. Lopes substituiu as chamas por uma projeção mapeada ("mapping"), criada pelo grupo United VJs.

Há ainda um beijaço no palco, protagonizado por 35 casais -um deles, gay.

Sua missão, ele diz, "é popularizar a ópera". "Sinto-me ultrajado quando dizem que ópera é coisa de elite. Não conheço nenhum cantor lírico que ganhe mais do que uma rainha do axé. E nosso ingresso é mais barato do que de qualquer show de MPB", provoca. O diretor, inclusive, é contra o termo "música erudita" -prefere "música de concerto". E resolveu, ele mesmo, traduzir as legendas, "a fim de evitar um 'deleitar-vos-ei, donzelas'".

"COFFEE BREAK"

"Trato todos da equipe como artistas. Se não faço isso, recebo funcionários públicos em troca", diz. Lopes diz ter decorado o nome de todos.

Com um elenco tão numeroso, não há conflito de egos? "Não", descarta a soprano Eliane Coelho. "Ego não é defeito, é condição para ser artista. Ninguém sobe num palco sozinho, na frente de 2.500 pessoas, se não for vaidoso."

O tenor norte-americano John Daszak, que faz Siegfried, concorda com a colega de cena. Depois de recusar quatro vezes o mesmo papel em outras montagens, ele aceitou o convite de Lopes. "Só agora me senti preparado. É um papel complexo, mas também muito divertido. Uso armas, mato dragões... Pareço um garoto", diz.

É a segunda vez que ele participa de uma produção brasileira -em 2010, estrelou "Requiem de Guerra", no Municipal do Rio de Janeiro. "Trabalhar em montagens brasileiras é mais relax. Os ensaios já começam com um coffee break!", brinca.

No último dos três ensaios que Folha acompanhou, Lopes, que antes corria de um lado para outro, quase não se levantou da cadeira. A movimentação era nos bastidores, com a chegada dos figurinos.

Enquanto era maquiado, o barítono Leonardo Neiva, Gunther no palco, ouvia a ópera no iPod. Já Eliane dispensava ajuda: "Gosto de fazer minha própria maquiagem. É um ritual".

A artista é a última a liberar a entrada da reportagem no camarim. Questionada se estava nervosa, respondeu: "Claro que sim. Qualquer coisa que você faz com o coração o deixa ansioso. Se fosse 'Ciranda, Cirandinha', eu estaria normal". (MILLOS KAISER)

O CREPÚSCULO DOS DEUSES
QUANDO 12/8, às 16h; 14/8, às 18h; 17/8, às 18h; 19/8, às 16h; 23/8, às 18h; 25/8, às 16h
ONDE Theatro Municipal de São Paulo (pça. Ramos de Azevedo, s/n; tel. 0/xx/11/3397-0300)
QUANTO R$ 100, R$60 e R$40
CLASSIFICAÇÃO 12 anos

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