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Nova York em chamas

Livros narram vida de Andy Warhol e ebulição de Manhattan nos anos 60 e 70

Divulgação
Andy Warhol na Factory, seu ateliê em Manhattan
Andy Warhol na Factory, seu ateliê em Manhattan

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Em agosto de 1964, Andy Warhol, artista morto aos 58, em 1987, plantou uma câmera Auricon numa janela do Rockefeller Center em Nova York com vista para o edifício Empire State. Gravou durante oito horas e emendou os rolos de filme na ordem exata de sua exposição.

Nesse marasmo em que a imagem em movimento mais parece congelada, estava fundido um ícone a outro -Warhol e a cidade onde fez fama e fortuna, o epicentro global das artes visuais na virada dos anos 60 para os anos 70.

Sai nesta semana pela Cosac Naify um livro em que Arthur Danto, um dos maiores especialistas na obra do artista pop, explica por que Warhol virou o mito que virou.

Na esteira do lançamento, surge também "City Boy", autobiografia do escritor Edmund White, que faz uma radiografia artística e sexual da Nova York da mesma época.

Um terceiro volume, lançado nos Estados Unidos, conta em detalhes o levante de artistas que transformaram o SoHo pós-industrial, esvaziado e decadente, em usina potente de criação artística.

Juntos, os três títulos mostram como Nova York informou e definiu a produção de artistas que ajudaram a construir a arte contemporânea da segunda metade do século 20, com reverberações que se estendem aos tempos atuais.

Nascido em Pittsburgh, Warhol sabia que, para entrar para o jet set, precisava estar em Manhattan no momento em que a cidade virou ímã das mentes mais brilhantes do Ocidente e também de vastas fortunas que aportavam na ilha para financiar tempos de excessos nas festas, na arte, nas drogas e no sexo.

Mas Warhol, maior nome da arte pop, sabia que se houvesse uma revolução visual ela partiria não da abstração nervosa dos expressionistas então em voga, como Jackson Pollock, mas da simplicidade e aparente inocência de latas de sopa e caixas de sabão.

"Até Warhol, as pinturas americanas falavam de beleza: jardins, jovens meninas e afins", diz Danto, em entrevista à Folha. "Mas Andy tem um realismo que o torna maior do que todos. Não está no estilo, mas no assunto."

"Warhol andava em busca da essência das coisas", escreve o autor. "Ele tinha ampliado o conceito de artista para uma pessoa que não limita seu produto a um meio em particular. Isso não aconteceria com nenhum outro artista dos Estados Unidos."

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