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Na Europa, Osesp busca exibir "excelência latino-americana"

Em turnê pelo continente, que começa na quarta, orquestra quer se firmar como referência regional

Inglaterra, Alemanha e Holanda ouvirão, entre outras, peças de Heitor Villa-Lobos e do argentino Ginastera

JOÃO BATISTA NATALI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A Osesp não fez excepcionalmente seu concerto de ontem à tarde. Na sexta à noite, por volta das 23h, dois caminhões estacionados no pátio da Sala São Paulo embarcaram sete toneladas de instrumentos, trajes dos músicos, partituras e equipamentos.

O carregamento seguiu para o aeroporto de Cumbica e de lá até Londres, onde na quarta-feira a orquestra começa sua quarta turnê europeia.

Para essa primeira apresentação -regência de Marin Alsop e Nelson Freire ao piano- a Osesp é convidada, no Royal Albert Hall, do BBC Proms, festival criado há 117 anos. Apresenta-se também no Concertgebouw, de Amsterdã, e nos festivais de Aldeburgh (Reino Unido) e Rheingau (Alemanha), intercalando, como solista, o violoncelista Antonio Meneses.

O diretor artístico da orquestra, Arthur Nestrovski, diz que foi o programador do Proms, Roger Wright, quem sugeriu que se interpretasse a "Sinfonia nº 9", do tcheco Antonin Dvorák. Seguem-se a "Fanfarra para um Homem Comum", de Aaron Copland, e a "Fanfarra para uma Mulher Incomum", da também americana Joan Tower, dedicada à regente Marin Alsop.

Freire interpreta a seguir "Momoprecoce", uma peça pouco conhecida de Villa-Lobos. E, por fim, do argentino Alberto Ginastera, quatro danças da suíte "Estância".

A programação de Ginastera, diz Nestrovski, visa trabalhar a imagem da Osesp não apenas como o melhor conjunto sinfônico brasileiro, mas para que europeus e americanos "também a vejam como grau de excelência na América Latina".

O programa de Aldeburgh será diferente. De Dvorák, o "Concerto para Violoncelo", com Meneses; de Tchaikovsky, a "Sinfonia nº 4" -sugerida pelos programadores locais-; e, como peça brasileira, a "Abertura Festiva", de Camargo Guarnieri.

Essas mesmas composições serão executadas em Amsterdã. Quanto a Rheingau, repetem-se Guarnieri, Tchaikovsky e Villa-Lobos.

As sinfonias de Dvorak e de Tchaikovsky são abundantemente gravadas no mundo inteiro. Um dos efeitos paralelos da inclusão delas na turnê é o de permitir comparações e o desafio de alcançar o mesmo padrão sinfônico de orquestras bem mais antigas e consagradas.

Marcelo Lopes, diretor-executivo da Fundação Osesp, diz que o convite do BBC Proms traz à orquestra um novo chamativo, um reforço à sua reputação. Não só no Reino Unido, "mas também no mercado americano", menos permeável e ao mesmo tempo atento ao que ocorre em festivais britânicos.

Os cachês que a orquestra receberá, diz Lopes, representam apenas de 15% a 20% dos custos da turnê. O grosso das despesas é coberto pela parcela do orçamento de divulgação de que a fundação dispõe. O orçamento da Osesp é de R$ 83 milhões para este ano, dos quais 64% são dotação do governo.

As turnês anteriores à Europa ocorreram em 2003, 2007 e 2010. A orquestra já esteve duas vezes nos EUA.

Ao todo viajarão 114 músicos e mais dez pessoas de apoio técnico. O spalla (segundo músico na hierarquia interna, depois do maestro) será Emmanuele Baldini. O outro ocupante do posto, Cláudio Cruz, é também regente da Orquestra Jovem do Estado, e com ela estará em turnê na Alemanha.

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