Boitempo vai publicar nova tradução de livro plagiado

A editora Boitempo emitiu anteontem um comunicado dando por encerrada a auditoria interna instaurada para apurar plágios em traduções de livros de seu catálogo.

Os plágios foram apontados pela tradutora Denise Bottmann no final de julho, em seu blog e em reportagem publicada pela Folha.

A nota confirma "coincidências significativas" entre as traduções dos livros "Considerações sobre o Marxismo Ocidental", de Perry Anderson, "A Teoria da Alienação em Marx", de István Mészáros, e "Lacrimae Rerum", de Slavoj Zizek publicadas pela Boitempo e traduções de outras editoras.

A distribuição dos três títulos foi interrompida.

"Constatamos problemas na tradução de três de nossos livros, mas seguimos confiantes de que esse incidente será superado com honestidade e clareza", diz a nota, acrescentando que a editora pretende regularizar a situação desses títulos -a Boitempo também prometeu entrar em contato com os tradutores legítimos das obras.

No caso do livro "A Teoria de Alienação em Marx", uma nova tradução já teria sido encomendada.

A identidade de Isa Tavares, que assina as traduções das obras, não foi revelada. No meio dos tradutores, ela é desconhecida. As únicas obras que levam sua assinatura são as da Boitempo -cinco ao total.

A editora divulgou também uma lista com as mensagens de apoio que tem recebido.

Para o filósofo húngaro István Mészáros, "é bastante vergonhoso (...) o que a direita está tentando fazer contra a Boitempo". O esloveno Slavoj Zizek também aparece na lista: "Em defesa da Boitempo, digo: a Boitempo é para mim como Deus para Voltaire -se ela não existisse, seria preciso inventá-la!".

A psicanalista Maria Rita Kehl e o sociólogo Emir Sader também manifestaram apoio. Todos eles têm obras editadas pela Boitempo.