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'Sou otimista, é coisa de gente do interior'

Em entrevista à Folha, Reynaldo Gianecchini conta como voltou a trabalhar após o tratamento contra o câncer

Ator diz que acha que está melhor do que aos 20 anos e que não se incomoda com rumores sobre sua sexualidade

DE SÃO PAULO

Leia trechos da entrevista com o ator. (ELISANGELA ROXO)

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Folha - A discussão de "Guerra dos Sexos", que fala com humor da diferença de gêneros ainda é atual?
Reynaldo Gianecchini - Sim, porque os homens continuam não entendendo muito as mulheres. Acho difícil entendê-las. Ainda mais esse novo modelo que está conquistando um monte de coisas e que ainda quer ter todo o tratamento anterior. Acho que até elas estão com dificuldade de se encontrar.

Foi pesado fazer "Cruel"?
Meu personagem era muito mau, mas eu tinha até dó dele, porque ele tinha uma razão para ser daquele jeito. Não era pesado, era engraçado. Ele usava muita ironia, tinha um humor ácido, não era pesado de fazer. Ele ia matando o outro, se vingando por meio da palavra.

Nando é disputado por muitas mulheres; existe nisso uma proximidade com a sua vida?
Nando é o gostosão que não sabe que é bonito. Nosso ponto em comum é que ele também é um cara do interior. Mas ele tem uma coisa que eu não tenho: ele é muito pessimista, acha que tudo vai dar errado -e dá. Eu sou superotimista, sempre fui assim, é coisa de gente do interior. Eu identifico quem vem de lá pelo olho, a pessoa tem, assim, um olhinho puro.

Mais caipira?
No sentido de ser ingênuo, de não acreditar muito na maldade. De viver num mundo muito desprotegido. Na cidade grande, você aprende desde cedo a se proteger demais, com toda a violência.

O personagem, como você, também também se envolve com alguém mais velho?
Eu sempre me envolvi com gente mais velha, mas isso não quer dizer que eu não gosto das mais novas, né? Acho que a idade deixa as pessoas mais interessantes, quando elas se cuidam. Eu me sinto muito mais bonito hoje, aos 39, do que com 20 e poucos anos. O tempo é muito benéfico se você não deixa tudo cair, com desleixo.

Sempre teve certeza que gravaria a partir de julho?
Durante o meu tratamento, o mais importante era ficar bem. Era um puta incentivo, saber que tinha um trabalho me esperando, mas eu tinha meu tempo.
Sempre acreditei desde o começo que tudo ia sair certinho, mas claro poderia haver alguma intercorrência. Quando se faz o transplante, a gente fica muito fragilizado. Eu tinha dentro de mim uma grande certeza. Um mês após o transplante eu já estava fazendo exercício.

Alguma leitura foi marcante ao longo tratamento?
Li de tudo, de biografia a alimentação. Estava muito focado em como deveria ser a minha vida dali para a frente. Acho que o livro nos encontra. É impressionante como às vezes a gente compra um livro e deixa na pilha; um dia resolve ler e sempre é a hora certa. Agora estou lendo uma biografia que é quase uma proposta de trabalho: "Como Viver" [Objetiva] sobre Montaigne, um filósofo francês.

Como a experiência do câncer afetou sua espiritualidade?
Sempre busquei muito o entendimento, minha relação com desconhecido.[O câncer] mudou uma coisa muito profunda em mim que é até difícil de mensurar, principalmente na minha relação de troca entre seres humanos, uma coisa de amor. A gente tem uma natureza espontânea de ser solidário, numa tragédia as pessoas se unem. A gente é feito de amor, de luz, acho que foi só isso, me conectei mais com a minha essência.

Você é espírita?
Não sou praticante de nenhuma religião. O espiritismo foi umas das religiões que eu deixei as pessoas rezarem para mim, não fiz nenhum tratamento espiritual, meu pai fez. Para ele ajudou a se conectar, foi bacana. Eu não fiz operação espiritual.

Você se incomoda com a especulação dos fãs sobre a sua sexualidade?
Nada me incomoda; acho que se você ficar pensando no que os outros acham, não vive. Resolvi viver a minha vida, as pessoas adoram inventar e ouvir uma historinha errada, mentirosa. Se eu fizesse 10% do que falam de mim, minha vida seria bem mais animada.

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