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Livro reflete sobre cultura e jornalismo

Coletânea de entrevistas de Ademir Assunção vai da poesia de Augusto de Campos à anarquia de Roberto Piva

"Faróis no Caos" tem lançamento hoje à noite com debate entre autor, Maurício Kubrusly e Mário Bortolotto

DOUGLAS GAVRAS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Era a década de 1980, época em que a literatura beat chegava ao Brasil pelas linhas tortuosas dos recém-traduzidos "O Uivo", de Allen Ginsberg, e "On The Road", de Jack Kerouac.

"Buscava encontrar os focos de movimentos culturais e trazer isso para o jornal", diz o escritor Ademir Assunção ao se lembrar de quando estreava na imprensa, buscando levar às Redações parte da inquietude que havia aprendido com a literatura.

O jornalista, autor do romance "Adorável Criatura Frankenstein" (2004), reúne agora em "Faróis no Caos" entrevistas feitas por ele em quase 30 anos de profissão.

Da poesia concreta de Augusto de Campos à anarquia e surrealismo de Roberto Piva, o livro traz entrevistas com Arnaldo Antunes, Caetano Veloso, Arrigo Barnabé e Itamar Assumpção, entre outros.

"Quando produzia um texto jornalístico, escrevia também com o ouvido, ficava atento à oralidade das palavras", diz Assunção, que é também poeta.

"Mas tinha que ser muito rápido, porque não dá para ficar uma hora pensando em uma frase. Isso exigiu que eu criasse certa dinâmica, mas sem deixar de prezar a qualidade da linguagem", diz.

O lançamento acontece hoje, às 20h, no Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195; tel. 0/xx/11/3095-9400), em São Paulo. Além do autor, participam de um debate sobre jornalismo cultural o jornalista Maurício Kubrusly e o dramaturgo Mário Bortolotto.

Simultaneamente ao lançamento, ele publica em seu blog (zonabranca.blog.uol.com.br) uma entrevista feita com Raul Seixas em 1987, que ficou de fora da edição.

CARREIRA

Em paralelo à carreira de escritor, Assunção foi repórter de "O Estado de São Paulo" e editor-assistente da "Ilustrada" na década de 1990. Atualmente é editor da revista literária "Coyote", junto aos poetas Marcos Losnak e Rodrigo Garcia Lopes.

Assunção, porém, critica o modelo atual de jornalismo cultural e a forma de cobertura da imprensa, que classifica como cada vez mais refém da indústria das celebridades.

"O jornalismo às vezes se preocupa apenas em vender discos, shows e ideologias, e não ideias, contar histórias e transmitir conhecimento."

Para ele, é preciso que o repórter retome seu papel de ir à rua em busca de personalidades "com algo a dizer".

"Tudo que está no livro foi feito nos tempos da Redação, com a pressão diária. É possível, sim, fazer um jornalismo diferente, é só querer."

FARÓIS NO CAOS
AUTOR Ademir Assunção
EDITORA Sesc SP
QUANTO R$ 55 (408 págs.)

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