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Filme discute a superficialidade da fama

Sensação em Veneza, 'Superstar', de Xavier Giannoli, tem semelhanças com subtrama do último Woody Allen

Longa do diretor francês acompanha a história de um homem comum que tenta resistir à indústria das novas celebridades

RODRIGO SALEM
ENVIADO ESPECIAL A VENEZA

A discussão da fama instantânea está em alta no cinema europeu. Em maio deste ano, no Festival de Cannes, "Reality", do italiano Mateo Garrone, foi premiado por sua fábula sobre um homem que quer estar no Big Brother.

No Festival de Veneza, a bola da vez é "Superstar", filme francês sobre um homem comum (Kad Merad) que, sem a menor razão, começa a ser reconhecido nas ruas, perseguido por fotógrafos e assediado pela mídia.

"Queria mostrar o mecanismo que transforma as pessoas em celebridades", conta o diretor Xavier Giannoli, que mostrou ontem na competição principal sua adaptação do livro "L'Idole", escrito por Serge Joncour em 2005.

A ideia pode ser percebida em outro longa. Em uma das histórias paralelas de "Para Roma com Amor" (2011), filme mais recente de Woody Allen, Roberto Benigni faz um sujeito comum que passa a ser tratado como celebridade.

"Superstar" seria uma versão mais pesada e mais profunda da narrativa, contudo a similaridade gerou mal-estar durante a divulgação.

"Não quero falar muito sobre isso. Tenho grande admiração pelo trabalho de Allen e temos o mesmo agente. Achei estranho, mas o livro existe há anos. O importante é a visão dos diretores sobre o tema", desconversa Xavier Giannoli.

O diretor comprou os direitos da história em 2009, antes de Allen escrever o roteiro de "Para Roma com Amor".

FAMA E ANONIMATO

Na visão do francês, quanto mais é gerada pela superficialidade, mais complexa se torna a fama.

"Há uma pressão do mercado em cima do jornalismo, mas é preciso ter cuidado para não cair na armadilha do espetáculo", explica o diretor sobre a outra protagonista da trama, uma produtora de TV (Cécile De France) que tenta entender a história do homem comum que não quer ser famoso.

É quando "Superstar" sai de Allen para entrar no terreno de Aaron Sorkin e de sua série de TV "The Newsroom".

O filme tenta ultrapassar a estupidez de certos virais, a ditadura do gosto do espectador, a prisão da mídia por uma audiência que não pode ser medida apenas por números brutos.

"A imprensa precisa saber filtrar o que é importante a ponto de virar notícia, senão vira um delírio sem fim", pontua Giannoli.

"Meu pai foi jornalista por 40 anos e há uma ansiedade agora pelo espetáculo, com os jornais fechando suas portas. A dignidade da comunicação está em jogo."

Acompanhe a cobertura do Festival de Veneza
folha.com/ilustrada

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