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Jose James traz sua mistura de jazz, soul e hip-hop a São Paulo

Cantor e compositor norte-americano tem timbre de barítono e repertório diversificado

Quarto álbum do artista revela afinidade com o R&B e o soul de nomes como Marvin Gaye e Donny Hathaway

CARLOS CALADO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

No universo do jazz, assim como no da música brasileira, as mulheres são maioria entre os vocalistas.

Essa hegemonia explica em parte o "frisson" que o norte-americano Jose James, 33, tem provocado nos festivais e clubes de jazz por onde passa. Mas o que conta mesmo é seu original timbre de barítono e o repertório diversificado, que combina jazz, soul e hip-hop.

Depois de se destacar como revelação do Rio das Ostras Jazz & Blues Festival (RJ), em 2011, James retorna ao Brasil para uma turnê que inclui festivais em Minas Gerais e no Rio Grande do Norte. Ele se apresenta hoje no Bourbon Street, em São Paulo.

Contratado pela influente gravadora americana Blue Note, James gravou há pouco seu quarto álbum, "No Beginning, No End", com lançamento previsto para janeiro de 2013. Algumas faixas desse trabalho já têm aparecido em seus shows mais recentes.

"Mesmo que esse álbum misture jazz, soul e R&B, eu acho que ele é o trabalho mais coeso da minha carreira", diz à Folha o cantor e compositor. "É um álbum que preparei durante dois anos e que eu sei que será definitivo para minha carreira."

Embora seu CD "For All We Know" (2010), calcado em "standards" do jazz, tenha conquistado elogios na imprensa especializada, James rejeita a possibilidade de ficar restrito a um único gênero musical.

"Não quero mais ser tratado como um cantor de jazz. Perceber que o jazz é apenas um rótulo foi algo libertador para mim. Quero que minha música não fique confinada a fronteira nenhuma."

Se, em "For All We Know", James interpretou clássicos do jazz imortalizados por ídolos como Billie Holiday, Dinah Washington e Johnny Hartman, em "No Beginning, No End", ele revela afinidade com o R&B e o soul de astros das décadas de 1960 e 1970, como Marvin Gaye, Donny Hathaway e Roberta Flack.

INFLUÊNCIA DO HIP-HOP

No palco, James age e se veste quase como um rapper. Mistura, no repertório de seus shows, eletrônica e improvisos vocais na linha do hip-hop, com releituras de pérolas do jazz moderno, como "Moanin" (do pianista Bobby Timmons) e uma versão letrada de "Equinox" (do saxofonista John Coltrane).

Por essas e outras, a tradicional revista californiana "Jazz Times" já se referiu a ele como "o salvador do jazz".

Uma bobagem com aparência de elogio, pois James jamais pretendeu "salvar" o jazz, que há mais de um século vem absorvendo elementos de diversos gêneros e estilos da música negra, sem se descaracterizar.

Como outros músicos e fãs de sua geração, diretamente influenciada pelo hip-hop, James se envolveu com o jazz depois de ouvir gravações do rapper Guru e das bandas

Digable Planets e A Tribe Called Quest, que fundiram elementos do rap e do jazz, no final dos anos 1980.

A paixão pelo gênero veio carimbada: "Se aqueles caras estavam dizendo que o jazz era uma música legal, pensei que devia conhecê-la mais a fundo. Então fui atrás e percebi que o jazz tem uma história tão rica e imensa sobre a qual pouco se fala por aí. Não é à toa que alguns de seus apreciadores acabam se tornando fanáticos".

JOSE JAMES
QUANDO hoje, às 21h30
ONDE Bourbon Street Music Club (r. dos Chanés, 127; tel. 0/xx/11/5095-6100)
QUANTO R$ 70
CLASSIFICAÇÃO 18 anos

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