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Viúva de Raoul Ruiz roda projeto do marido

Valeria Sarmiento mostrou 'Linhas de Wellington' ontem em Veneza

Morto no ano passado, aos 70, diretor deixou no projeto o épico sobre invasão napoleônica em Portugal

RODRIGO SALEM
ENVIADO ESPECIAL A VENEZA

Era destinado a Raoul Ruiz o convite para desenvolver um projeto de filme e minissérie em comemoração dos 200 anos do fim da invasão francesa em Portugal.

Mas, morto no ano passado aos 70, o chileno Ruiz nem começou a rodar o épico. A responsabilidade caiu sobre os ombros de sua viúva, a também diretora chilena Valeria Sarmiento, que trabalhou em parceria com o marido por 30 anos e mostrou ontem "Linhas de Wellington" no Festival de Veneza.

"O importante é que Valeria não tentou fazer o filme que Raoul teria feito. Seria impossível antecipar o que ele criaria", explica o produtor português Paulo Branco.

O estilo politizado e feminino de Sarmiento ajuda a transformar "As Linhas de Wellington" em um filme de guerra de duas horas e meia preocupado com outras questões além da vitória final.

"Quando me deram o roteiro, eu me disse que seria um projeto difícil e uma tarefa gigante. Então desenvolvi uma ligação emocional com a história, ressaltando a questão do exílio e das mulheres que foram estupradas naquela guerra", conta a diretora.

Apesar da presença de vários dos atores de Ruiz em participações especiais dotar o filme de um aspecto de homenagem, isso não desvia a atenção do tema principal.

Nuno Lopes faz um sargento português na linha de frente da defesa da aliança entre Portugal e Inglaterra contra a tropa napoleônica. A partir dessa linha narrativa, acompanhamos diversos personagens afetados pelo evento.

John Malkovich vive o excêntrico general inglês Wellington em poucas, mas ótimas cenas.

MINISSÉRIE

Assim como "Mistérios de Lisboa" (2010), última ficção de Ruiz, o novo filme, que guarda várias das ideias originais do cineasta chileno, será desmembrado em uma minissérie em Portugal.

"Ele sugeriu algumas mudanças no roteiro, como a apresentação do batalhão português. Não vi nenhum problema. Para trabalhar com Raoul Ruiz, você precisa aceitar sua influência", conta o roteirista Carlos Saboga.

Para Sarmiento, porém, a presença do marido foi além da concepção do filme. "A alma dele estava sobre nós nas filmagens", diz a diretora, muito elogiada pelo elenco.

"Ela era sabia exatamente o que queria antes mesmo de filmar", diz a veterana atriz Marisa Paredes, que faz uma espanhola numa pequena vila dominada pelos franceses.

"A gente só precisava chegar, filmar por algumas horas e ir embora. Era tudo muito calmo", completa o ator Nuno Lopes.

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