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Críticos aprovam a 'Bienal sem estrelas'

Curadores destacam tom sóbrio da mostra, aberta hoje ao público, e frisam 'sensibilidade' na seleção de artistas

Presença de pinturas divide opiniões, mas montagem é elogiada por respeitar escala dos trabalhos expostos

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

É uma mostra "clara", "limpa", "solene", "sensível" e sem obras monumentais a Bienal de São Paulo que será aberta hoje ao público.

Críticos e curadores que circularam pela mostra nos dias de visitação para imprensa e convidados aprovaram e elogiaram a curadoria um tanto minimalista do venezuelano Luis Pérez-Oramas, à frente desta 30ª edição do evento paulistano.

Com 111 artistas, em grande parte figuras relegadas ao segundo plano do panorama atual ou nomes ainda pouco conhecidos da nova geração de latino-americanos, a mostra, dividida pelos curadores em "constelações", frisou em suas escolhas a ausência de grandes astros.

"É uma exposição muito sóbria, que evita trabalhos espetaculares", diz Rodrigo Moura, um dos curadores do Instituto Inhotim. "Tem um caráter tranquilo e solene."

Nicholas Serota, diretor da Tate, de Londres, também elogiou a ideia de diluir no conjunto da mostra seus principais conceitos, em vez de centrar o foco em trabalhos de grandes dimensões.

"Não é uma Bienal cheia de objetos únicos, memoráveis, mas sim uma associação de ideias", afirma Serota. "Ela refuta o espetáculo."

Nessa decisão de reduzir a escala e resgatar nomes, Teixeira Coelho, curador do Masp, vê um posicionamento radical de Pérez-Oramas, classificando a mostra como uma "Bienal autoral".

"É uma das melhores bienais que já vi nos últimos tempos", afirma. "É clara, firme e bem trabalhada. Dá para ver que há um autor e um pensamento por trás dela."

PINTURA POLÊMICA

Outro ponto elogiado por Teixeira Coelho foi a forte presença de pinturas, algo que dividiu os críticos. "Tem que acabar com a baboseira de que pintura não é contemporâneo", afirma. "Aqui, as pinturas estão colocadas como parceiras legítimas do resto das obras expostas."

Luiz Camillo Osorio, curador do Museu de Arte Moderna do Rio, também elogiou a presença de pintores, como a artista Lucia Laguna.

Mas Agustín Pérez Rubio, curador do Museu de Arte Contemporânea de Castilla y León, na Espanha, criticou a presença de pinturas, estendendo o ataque à seleção de jovens artistas brasileiros.

"Não sou fã de pintura e também acho que seria possível pensar numa seleção melhor de jovens artistas brasileiros", diz Pérez Rubio. "Mas em seu conjunto, essa é uma Bienal muito correta, limpa e com muita sensibilidade estética e intelectual."

Jochen Volz, curador de Inhotim e da Serpentine, de Londres, e Moacir dos Anjos, curador da última edição da Bienal de São Paulo, elogiaram o resgate de nomes esquecidos de outras gerações presentes na mostra, em especial artistas ligados à educação, como os franceses Fernand Deligny e Robert Filliou.

Também se disseram impressionados com a montagem da exposição, coordenada pelo arquiteto Martin Corullon, que usou paredes de alturas que variam de acordo com a escala das obras.

"É um espaço que funciona, em que a obra dita o programa", diz Volz. "Mesmo os núcleos históricos estão integrados ao resto do conjunto com muita naturalidade."

Osorio, do MAM do Rio, destacou a montagem, dizendo que o projeto tem a "pegada do curador" e é "respeitoso" com todos os trabalhos.

30ª BIENAL DE SÃO PAULO

QUANDO ter., qui., sáb. e dom., das 9h às 19h; qua. e sex., das 9h às 22h; de hoje até 9/12
ONDE Fundação Bienal de São Paulo (pq. Ibirapuera, portão 3, www.bienal.org.br)
QUANTO grátis

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