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Depoimento de carro

Com a cidade mais vazia, dá para visitar todas as instalações

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Tomo o primeiro voo de Belo Horizonte, onde estava por conta da abertura dos pavilhões de Tunga e Lygia Pape no Instituto Inhotim, para São Paulo. Encontro o motorista do jornal em Congonhas e optamos por uma rota circular, começando pelos pontos mais distantes do centro.

Pela avenida dos Bandeirantes, com trânsito pesado mesmo em feriado, atravessamos a cidade com cara de ferrugem rumo à Casa do Bandeirante, no Butantã. Às 9h51, eu era o único visitante da instalação do português Hugo Canoilas.

Dali, tentamos achar uma saída sentido Morumbi, já que algumas ruas estão bloqueadas por obras na região.

Na Capela do Morumbi está uma montagem póstuma de propostas da artista

Maryanne Amacher: uma instalação sonora que envolve objetos metálicos e a luz que entra pelas frestas nas paredes de taipa da capela, reformada pelo arquiteto Gregori Warchavchik (1896-1972). Também ali eu estava só.

Não demoramos a chegar à Casa Modernista, na Vila Mariana. Esta é outra obra de Warchavchik e nela também há instalações sonoras.

O americano Sergei Tcherepin e o japonês Ei Arakawa criaram chapas metálicas que, manipuladas com luvas de borracha pelos visitantes, distorcem os sons na antiga residência do arquiteto e de sua mulher, Mina Klabin.

A caminho do Masp, onde estão trabalhos de Benet Rossell e Jutta Koether, o trânsito engrossa, até ficar caótico na Paulista. O inverno quente não ajuda. Diante da fila, desisto e vou almoçar. Meia hora mais tarde, ela aumentou e dá voltas no vão livre.

Em meio aos que aguardam para ver Caravaggio sem sonhar que há uma parte da Bienal ali, uma enfermeira propõe medir minha pressão, megafones gritam contra a corrupção e poetas e pastores oferecem versos e sermões. Enfim lá dentro, gosto de como ficaram as obras no museu, embora gaste só 15 minutos, após 60 na fila.

Na Faap, onde estão filmes de Robert Smithson e trabalhos do chinês Xu Bing e do mexicano José Arnaud Bello, alívio. É talvez o melhor ponto da Bienal fora do pavilhão -em parte graças ao ar-condicionado e à chance de sentar para ver os clássicos de Smithson. Dali, trânsito tranquilo até a Luz. A instalação de Charlotte Posenenske flutua sobre a estação e passa despercebida, até que alguém para e olha para cima.

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