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Lenda do soul une velho e novo em disco

Bobby Womack lança "The Bravest Man in The Universe", seu primeiro álbum com canções inéditas em 18 anos

Aos 68 anos, o cantor americano se recupera de problemas de saúde e sonha em colocar, enfim, o pé na estrada

MAYRA MALDJIAN
DE SÃO PAULO

"Eu esperei a vida toda por isso", lamenta o vozeirão rouco do outro lado da linha.

Bobby Womack está doente.

O veterano soulman norte-americano de 68 anos viu-se obrigado, nos últimos meses, a cancelar alguns dos shows da turnê de lançamento de "The Bravest Man in the Universe", seu primeiro álbum de inéditas em 18 anos.

Debilitado, ele ainda se recupera da maratona hospitalar em que se viu no início do ano, em meio às gravações do disco do qual tanto se gaba.

Relutante, Womack foi internado com pneumonia. Enfrentou também o bisturi para retirar um tumor benigno no cólon. O homem mais corajoso do universo, que foi viciado em cocaína, conta que nunca precisara de hospital.

"Muitos amigos, Sam Cooke, Janis Joplin, já se foram. Eu sou um pedaço de ferro. Mas, se tirarem a música de mim, eu morro."

RESGATE TRIPLO

Depois de "Resurrection", de 1994, último disco de inéditas do cantor até então, Quentin Tarantino recolocou Womack sob os holofotes ao usar "Across 110th Street", de 1972, na abertura do filme"Jackie Brown" (1997).

Considerado "o último soulman", Womack é da mesma leva de estrelas como Otis Redding e Marvin Gaye.

É dele o primeiro hit dos Rolling Stones, "It's All Over Now". Em "Chain of Fools", de Aretha Franklin, ele toca guitarra. Não por menos, em 2009, entrou para o Hall da Fama do Rock.

No mesmo ano, mais um resgate. O celebrado produtor Damon Albarn o convidou para cantar no disco "Plastic Beach" (2010), do Gorillaz. "Como ele sabe se eu ainda sou aquilo que acham que sou? E se eu desapontá-los?", perguntou-se na época.

O medo passou e da parceria saíram "Stylo" e "Cloud of Unknowing". Ao fim da turnê da banda, da qual Womack participou, Albarn propôs: "Vamos gravar um disco?".

VELHO E NOVO

"The Bravest Man in The Universe", música que abre o álbum, foi também a primeira em que Albarn e Richard Russell, diretor da XL Recordings, botaram a mão.
Escrita nos anos 70, nunca fora lançada. "Era a canção certa no tempo certo", diz.

Entre as parcerias do disco estão as cantoras Fatoumata Diawara e Lana Del Rey.

É com Del Rey que Bobby Womack divide os vocais de "Dayglo Reflection", canção que dedica "à mulher que me deu à luz", que morreu no fim do ano passado. "Essa música é muito espiritual para mim. E é isso o que importa."

O cantor Sam Cooke, morto em 1964, mentor de Bobby Womack, também é homenageado no disco.

A potente voz de Womack, agora mais curtida, passeia com conforto pelas texturas digitais criadas por Albarn. É o velho soul e o novo eletrônico em encaixe perfeito. "Eu renasci", diz o soulman.

THE BRAVEST MAN IN THE UNIVERSE
ARTISTA Bobby Womack
GRAVADORA LAB 344
PREÇO R$ 22,90

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