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Filme épico esquenta Festival de Toronto

Com quase três horas de duração, "A Viagem" reúne grande elenco para contar seis histórias ocorridas entre 1849 e 2144

Tom Hanks interpreta três personagens no filme, que une ficção científica, comédia e romance de época

FERNANDA EZABELLA
FERNANDA EZABELLA

"A Viagem", um dos filmes mais aguardados desta edição do Festival de Toronto, é o trabalho que mais dividiu a crítica até agora, com uma narrativa de proporções épicas e elenco estrelar, reunindo seis histórias que se passam entre 1849 e 2144.

Tom Hanks, Halle Berry, Susan Sarandon, Hugo Weaving e Hugh Grant interpretam diversos papéis com maquiagem pesada e próteses, às vezes até personagens de outro sexo, muitas vezes irreconhecíveis.

Hanks, por exemplo, faz um médico ruivo numa viagem de barco no século 19, um cientista nuclear na San Francisco dos anos 1970 e um velho camponês num futuro incerto.

Já Weaving interpreta dois vilões e também uma diretora durona de um asilo nos dias de hoje.

A direção é assinada por um trio: Tom Tykwer ("Corra, Lola, Corra") e os irmãos Andy e Lana Wachowski (da trilogia "Matrix"). Lana recentemente admitiu ser transexual (leia abaixo).

Eles se basearam no livro de 500 páginas do britânico David Mitchell, "Cloud Atlas" (mesmo título do filme em inglês), lançado em 2004.

"É um filme bem experimental de várias maneiras", disse Lana Wachowski a jornalistas do festival.

"Fala bastante sobre a coragem humana, e os produtores obviamente tiveram muita coragem, ou muita estupidez, para produzir isto aqui", brincou.

"A Viagem", que tem estreia prevista no Brasil para o final de dezembro, teve financiamento de US$ 100 milhões (aproximadamente R$ 202 milhões).

Com quase três horas de duração, o longa vai e volta entre uma história e outra, alternando gêneros como ficção científica (numa trama sobre mulheres-robôs coreanas), comédia (velhinhos tentando escapar de um asilo) e romance de época (dois homens apaixonados separados pelo acaso).

MALHAÇÃO MENTAL

"É como um abraço que vai ficando cada vez mais apertado", disse Hanks.

"Quando estava lendo as últimas 40, 50 páginas do roteiro, estava completamente envolvido em cada batalha. Entendi que estes personagens estavam fazendo escolhas entre a crueldade e a bondade, e que suas decisões mudariam o mundo para sempre", disse.

O semanário "Hollywood Reporter" informou que "A Viagem" deve ser o "primeiro filme perfeitamente feito para a geração com transtorno de déficit de atenção".

A revista on-line "Slate" afirmou que o trabalho é "um desastre sem paralelo".

Já a "Variety" achou que o longa-metragem proporciona "três horas de malhação mental intensa recompensadas com um grande desfecho emocional".

"FILHOS DA MEIA-NOITE"

Outro longa-metragem épico em cartaz no festival, embora percorra apenas três gerações, é "Os Filhos da Meia-Noite", também baseado em livro e com roteiro assinado pelo próprio autor, Salman Rushdie.

O longa da diretora Deepa Mehta conta a história de dois jovens nascidos no mesmo hospital de Bombaim, à meia-noite do dia 15 de agosto de 1947, no exato momento em que a Índia se tornava uma nação independente.

Trocados no nascimento, o menino pobre fica com a família rica e vice-versa.

Os dois têm poderes especiais, e suas trajetórias são contadas de acordo com os tumultuados eventos políticos do país.

"Não acho possível fazer um bom trabalho sem andar na beira do precipício. Há um perigo em fazer um filme ambicioso, mas você precisa se dar o direito de cair", disse Rushdie ao jornal "Vancouver Sun".

"O que pode acontecer de pior? Terminar com um livro ruim, um filme ruim?"

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