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'Cinquenta Tons' é sobre amor, diz autora

Segundo E.L. James, trilogia vai além de relação erótica e de submissão; segundo volume chega hoje ao Brasil

Para escritora, lançar o livro em e-book lhe permitiu escrever a história que queria, sem interferências

RODRIGO RUSSO
DE LONDRES

Responsável pela trilogia de romances eróticos "Cinquenta Tons de Cinza", que bateu 40 milhões de exemplares vendidos, a autora britânica E.L. James credita o sucesso da obra mais à história de amor entre uma universitária e um milionário que às descrições detalhadas de sexo entre os protagonistas.

Em entrevista à Folha, James contou que mostrou o trabalho a dois profissionais do mercado antes de lançá-lo como e-book de forma independente. Segundo ela, um dos editores recusou a obra alegando que a história era "muito erótica".

"Escrevi o romance por diversão, para mim. Se tivesse um contrato, não teria essa liberdade. Essa é a história que queria contar, da forma que eu quis narrá-la, e isso foi muito libertador. No mercado editorial tradicional, há muita interferência sobre a produção", avalia James.

O segundo capítulo da trilogia, "Cinquenta Tons Mais Escuros", chega hoje ao mercado brasileiro -com 50 mil exemplares já comercializados em pré-venda, segundo dados da editora Intrínseca.

O livro parte do rompimento entre Ana Steele e Christian Grey, já que a garota teme os desdobramentos de uma relação de submissão completa ao milionário, um dominador que não gosta de ser tocado por ninguém.

James diz que esse ponto de partida do segundo livro é a única coisa que mudaria na trilogia: "Hoje penso que eles ficam muito pouco tempo afastados, só alguns dias. Alteraria apenas isso, faria a separação durar mais".

Para ela, a edição em e-book, as capas discretas e o boca a boca foram decisivos para as boas vendas.

"Quando tinha 30 e poucos anos, lia romances eróticos ficcionais, com capas que me deixavam envergonhada e que eu precisava esconder das pessoas. Por isso optei pelo design dessa capa, que é discreto e que não permite -ou não permitia- que as pessoas soubessem o que está ali dentro", observa a autora.

Ex-executiva de TV, casada e mãe de dois filhos, James não gosta do rótulo de "pornô para mamães" conferido a seus livros. "É um trabalho jornalístico preguiçoso, à procura de um rótulo fácil, e além do mais degradante às mulheres", lamenta ela.

OFENSIVO

Embora considere o uso do rótulo ofensivo às mulheres, James sofre diversas críticas de grupos feministas, que discordam da relação de submissão total -e não apenas sexual- entre Steele e Grey e que veem nisso um retrocesso para a sociedade.

"Essa história de amor é uma fantasia, não retrata o mundo real, e isso atrai as mulheres.
Mas não somos idiotas e sabemos que não é verdade. No fim do dia, o que realmente queremos é alguém que nos ajude a lavar a louça, e não alguém tão controlador como Christian Grey", analisa James, com uma risada ao fim da frase.

As críticas de que há um "fetiche do capitalismo" e de que sua protagonista é deslumbrada com a riqueza de Grey, que sempre oferece caros presentes, são rebatidas da mesma forma.

A trilogia em breve terá versão cinematográfica, com direitos vendidos pelo valor recorde de US$ 5 milhões e supervisão constante de James.

CINQUENTA TONS MAIS ESCUROS
AUTORA E.L. James
EDITORA Intrínseca
TRADUÇÃO Juliana Romeira
QUANTO R$ 39,90 (512 págs.)

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