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Na vida real do Irã, Rushdie é caso superado

SAMY ADGHIRNI
DE TEERÃ

O livro de memórias de Salman Rushdie pode até irritar setores mais radicais do governo e da sociedade no Irã por causa das críticas a Ruhollah Khomeini, o aiatolá que fundou a República Islâmica e até hoje tem status de santo.

Mas a maioria dos iranianos considera inútil a polêmica acerca do autor de "Os Versos Satânicos". Ao contrário de temas como energia nuclear ou sanções, que geram preocupação palpável no dia a dia, Rushdie não alimenta conversas nem merece atenção da mídia local.

A população mal se lembrava do autor até anteontem, quando um clérigo linha dura ligado ao regime resolveu aumentar de US$ 2,8 milhões para US$ 3,3 milhões uma recompensa pela cabeça do escritor.

"É um belo dinheiro. Já pensou? Essa bolada de uma vez? Mas ninguém leva a sério", ironiza um agente de viagens no centro de Teerã, ecoando um sentimento generalizado.

"É um assunto velho. Temos tanto o que nos preocupar -a crise econômica, a disparada do custo de vida e o risco de guerra."

Mais alinhado com o governo, um taxista acusa Rushdie de ser "parte de um complô americano e israelense contra a independência do Irã", mas não pede a morte do escritor.

Contrariando a imagem dominante no Ocidente, o Irã tem uma população educada, conectada ao mundo e com estilo de vida mais liberal que na maioria do mundo islâmico. A retórica incendiária do governo contra EUA e Israel ecoa pouco na classe média urbana.

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