Crítica / Musical

'Godspell' atrai pela encenação instigante de seu jovem elenco

A onda de musicais em São Paulo não afeta apenas os grandes teatros. Chegou também aos pequenos, como o Espaço Commune, modesta sala na rua da Consolação onde um grupo de jovens atores encena "Godspell".

Criado pelos norte-americanos Stephen Schwartz e John-Michael Tebelak, o musical estreou em 1971 nos Estados Unidos, no rastro do sucesso deixado por "Jesus Cristo Superstar" (1970).

Curiosamente, é uma adaptação do Evangelho Segundo São Mateus -e vem daí seu nome, "Godspell", forma ancestral da palavra "gospel", que designa "evangelho", "a verdade" e o gênero musical.

O enredo se baseia, portanto, na vida de Jesus, desde o encontro com são João Batista até a Ressurreição.

Não haveria coisa mais enfadonha para se assistir num palco, agravado, no caso, pelo tom edificante (mais que religioso) de "Godspell", o propósito um tanto kitsch de atualizar o Evangelho e o esquema repetitivo da adaptação, que consiste em dramatizar, uma após outra, as parábolas de Cristo.

Ocorre, porém, que o espectador assiste à montagem no Commune com curiosidade e interesse, menos pelo conteúdo do musical, e mais pelo desenrolar da encenação.

O diretor Kleber di Lázzare ressuscitou "Godspell" num estilo que agrega circo e teatro, bastante livre e animado, com algumas boas soluções cênicas, tanto melhores porque obtidas com os parcos recursos de que dispunha.

O feliz resultado dessa montagem juvenil se deve também a seu talentoso elenco, que cumpriu a tarefa com energia, desenvoltura e correção.