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Novos artistas chineses expõem obras em mostra controversa

ADRIANA KÜCHLER
EM LONDRES

Ei, você, que foi a quase todas as muitas mostras de arte em cartaz em São Paulo: cite o nome de um artista contemporâneo chinês.

Se o único que lhe vem à cabeça é o do ativista Ai Weiwei, não se sinta mal. A nova arte chinesa é mesmo pouco conhecida da maioria do público, o que levou a Hayward Gallery, de Londres, a abrir a maior exposição já dedicada a esse grupo.

"Arte da Mudança: Novos Rumos da China" (Art of Change: New Directions from China) ganhou fama pelo ineditismo. E pela crítica do próprio Weiwei. Em artigo para o jornal britânico "The Guardian", o polêmico artista, que já foi preso, censurado e descreveu Pequim como um "pesadelo permanente", reclama que seus colegas não têm olhar crítico em relação à ditadura de seu país e que os trabalhos selecionados não tratam dos atuais problemas chineses.

"É como um restaurante em Chinatown. As pessoas vão comer e dizer que é chinês, mas é simplesmente uma oferta consumista." Para ele, não é possível discutir novos rumos na arte chinesa, porque nunca houve rumos velhos que pudessem ser substituídos.

Polêmicas "weiweianas" à parte, há obras inspiradoras na mostra, como a torre de 4 metros de altura feita de gordura humana sugada em lipoaspirações, de Sun Yuan e Peng Yu, e os corpos incrivelmente suspensos em meio a uma queda, de Xu Zhen -em uma posição sobre-humana, a "obra" parece uma estátua, até que, de repente, ela pisca para você.

Nove artistas apresentam trabalhos feitos de 1993 até hoje. A apresentação do grupo diz que, "como as exposições na China sempre corriam o risco de serem fechadas pelas autoridades, os artistas foram levados a criar trabalhos que focassem mais no processo criativo do que no produto final".

Vide a performance em que a artista Yingmei Duan entrega bilhetes de papel com pedidos esquisitos para o público no meio de uma floresta sombria.

Ironicamente, um postal com a foto de Ai Weiwei (comendo com hashis) é distribuído bem na porta da mostra -convidando para outra exposição. "Arte da Mudança" vai até 9 de dezembro.

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