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Juan Carlos Onetti encerra Coleção Folha Literatura Ibero-Americana

Pessimismo provocativo do uruguaio chega às bancas no domingo

DE SÃO PAULO

De vez em quando, as histórias pessoais de um escritor servem para iluminar sua obra. No caso de Juan Carlos Onetti (1909-1994), as formas ácidas de suas memórias são o complemento dos homens pessimistas e humilhados que desfilam em sua ficção.

Em "47 Contos de Juan Carlos Onetti", seus personagens complexos, forjados sob o signo do inconformismo e do desencanto, transitam pela cidade fictícia de Santa María, asfixiados pela monotonia da vida cotidiana.

Os contos, escritos entre 1933 e 1993, compõem o 25º e último volume da Coleção Folha Literatura Ibero-Americana, que chega às bancas no próximo domingo, 23/9.

"Todo personagem nasceu para a derrota. Podemos interromper essa trajetória num instante de triunfo, mas o final é sempre trágico", provocou Onetti, ao ser questionado sobre a desilusão marcante de sua escrita.

Chamado de "padrinho oculto e inquietante da literatura latino-americana", o uruguaio escreveu 11 romances e inúmeros contos e ensaios, tornando-se referência da chamada Geração de 1945, ao lado de Mario Benedetti.

A ditadura que dominava seu país (1973-1985), porém, não o poupou do exílio. Já na Espanha, publicou "Deixemos Falar ao Vento", de 1979, porta de entrada de sua obra.

Até sua morte, aos 84 anos, voltou ao Uruguai apenas através das palavras. José María Sanguinetti, primeiro presidente da recém-recuperada democracia, levou para ele em Madri seu Grande Prêmio Nacional de Literatura.

Para o peruano Mario Vargas Llosa, a obscuridade de suas histórias trágicas é mais que uma veia narrativa. "Vem, talvez, por ele ter ficado -e com orgulho- em segundo lugar em quase todos os prêmios aos quais concorreu."

Mas o Cervantes, recebido em 1980, serviria para exorcizá-lo de quase todos os exílios.

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