Coleção traz a voz poderosa de Elza Soares

Uma noite pode definir um mito. Ao participar de um concurso de calouros apresentado por Ary Barroso, Elza Soares foi aplaudida de pé, recebendo as maiores notas.

Após a estreia no rádio, teve inúmeras músicas no topo das listas de sucesso ao longo de sua carreira. Algumas de suas maiores canções fazem parte do nono volume da Coleção Folha Grandes Vozes, que chega às bancas no próximo domingo, 23/9.

O álbum inclui, entre outros sucessos de seu repertório, "Se Acaso Você Chegasse", "Boato", "Só Danço Samba", "Mulata Assanhada" e "Se É Pecado Sambar".

Nascida em 1937 na favela de Água Santa, no Rio, filha de uma lavadeira e de um operário, Elza da Conceição Soares talvez tenha na vida sua mais comovente canção.

Tendo se casado aos 12 anos, a artista ficou viúva aos 21, mãe de cinco filhos. Para sustentar a família, Soares foi trabalhar como encaixotadora em uma fábrica de sabão.

No fim da década de 1950, já dedicada totalmente à música, a cantora fez uma turnê pela Argentina acompanhando Mercedes Batista.

Elza se tornou popular ao introduzir o ritmo marcante do jazz ao samba.

VIDA INTENSA

Vivendo intensamente, a cantora manteve sua carreira intimamente ligada a suas escolhas pessoais.

Em novembro de 1961, conheceu Mané Garrincha e com ele enfrentou o céu e o inferno da vida conjugal.

Condenada publicamente pela queda do ídolo do Botafogo, Elza enfrentou a ira dos fãs do jogador, que enviavam cartas anônimas e ameaçavam sua vida.

A voz rouca e vibrante, no entanto, tornou-se sua marca registrada. Após terminar o disco, "A Bossa Negra", Elza foi ao Chile representando o país na Copa do Mundo de 1962. Seu estilo "sapeca" e exagerado fascinou o público no Brasil e exterior.

Ao longo de sua trajetória, sobretudo nas décadas de 1960 e 1970, fez parcerias célebres com músicos do porte de Miltinho, Roberto Ribeiro e Wilson das Neves.

No ano 2000, em Londres, a emissora britânica BBC lhe deu o título de "A Melhor Cantora do Universo".

Dois documentários resumem a vida e a obra da cantora: um com direção da cineasta carioca Izabel Jaguaribe e outro dirigido pela cineasta mineira Elizabete Martins, nos quais se misturam realidade e ficção.