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Crítica premiação

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Só o rap imprime relevância ao VMB

Som da periferia move a festa da MTV, apesar de três troféus para o pop do Pará de Amarantos

Os artistas de rap carregam uma identidade musical, visual e comportamental que dá a seus seguidores um sentimento de pertencer a uma tribo, um caráter gregário que o rock perdeu há tempos.

Eduardo Anizelli/Folhapress
Mano Brown canta à frente do Racionais MC's na apresentação que encerrou o VMB 2012
Mano Brown canta à frente do Racionais MC's na apresentação que encerrou o VMB 2012

THALES DE MENEZES
EDITOR-ASSISTENTE DA “ILUSTRADA”

A cantora paraense Gaby Amarantos cantou na cerimônia do VMB 2012, vestindo roupa transparente e cocar gigantesco, e ganhou três prêmios, incluindo Artista do Ano. Uma simpática e talentosa figuraça.

Foi a noite de Gaby? Nem tanto. O estrondoso sucesso dela pelo Brasil dispensa a chancela do prêmio da MTV.

A festa, na noite da última quinta, ficará marcada como mais uma prova da relevância do rap. Praticamente um rito de institucionalização do gênero como aquele que realmente importa para jovens consumidores de música.

Várias gerações do rap nacional levaram prêmios: Criolo, Emicida, Racionais MC's, Projota e BNegão. Em 2011, Criolo e Emicida já tinham recebido destaque, mas desta vez a disseminação de rappers pelas categorias do VMB ganhou ares de invasão.

OS PIONEIROS

As escolhas do redivivo Planet Hemp para abrir a cerimônia e dos heróis da periferia Racionais MC's para o encerramento já determinavam o predomínio rapper.

São duas bandas dos anos 1990 que introduziram o gênero no Brasil, praticamente em combate corpo a corpo com setores conservadores da sociedade e da mídia.

Sem elas, dificilmente Emicida e Criolo estariam ali para subir ao palco e rechear discursos de agradecimento com cobranças incisivas para que a Polícia Militar investigue os 34 incêndios em favelas paulistanas neste ano.

A fala de ambos foi recebida com aplausos calorosos, em momento de sisudez tipicamente rap, mas destoante do cenário "jovem" montado no Espaço das Américas (SP) com bikers e skatistas zanzando pelos palcos.

Os artistas de rap carregam uma identidade musical, visual e comportamental que dá a seus seguidores um sentimento de pertencer a uma tribo -um caráter gregário que o rock perdeu há tempos.

Enquanto Marcelo D2, Mano Brown e Emicida são bem parecidos, nada em comum consegue ligar os estilos de Agridoce, Vanguart e Restart, nomes roqueiros entre convidados e premiados do VMB. É mais natural que a moçada se identifique com o rap.

VAIAS AO ROCK

Quanto ao enfraquecido rock, uma da peculiaridades da noite foi constatar que, apesar de falas contundentes de Mano Brown e Emicida, a grande confrontação veio com os garotos do Restart.

Vencedores da eleição popular de Hit do Ano, o quarteto subiu ao palco debaixo de vaias. Seus integrantes disseram que chegaram até ali sem vaiar nem desrespeitar ninguém.

Mantiveram discurso pausado e tranquilo, sob um tsumani de protestos da plateia.

O mesmo público chiou diante do anúncio da boy band inglesa One Direction como Artista Internacional do Ano, outro prêmio escolhido por voto popular. Definitivamente, as fãs de Restart e One Direction estavam assistindo a tudo em casa.

O VMB aposentou os mestres de cerimônia, mas insistiu no convite a "celebridades" para entregar os prêmios. Apesar de alguns estarem bem habituados a tanta atenção, como Neymar, a maioria, mais uma vez, reproduziu textos ensaiados com resultados constrangedores.

A MTV pode e deve agradecer à cena rap pela sobrevivência de seu prêmio.

Resta saber por quanto tempo os manos e minas vão dar atenção à emissora.

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