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Desfiles de Milão trazem o pink como o novo preto

Grifes da semana de moda italiana apostam em tons variados de rosa

Cor, popular entre mulheres na Índia, surge como 'inspiração' vinda dos relatórios de vendas das marcas

VIVIAN WHITEMAN
ENVIADA ESPECIAL A MILÃO

O pink (e variações de rosa) é o novo preto. Assim decretam algumas das principais grifes que desfilaram na Semana de Moda de Milão.

A Gucci apostou forte no pink, em looks inteiros, maciços, esculturais. Vestidos com abas e babados firmes, cores sólidas e vibrantes, seguindo os cortes certeiros do purismo -gêmeo quase idêntico do minimalismo e uma das novas palavras de ordem do vocabulário fashion.

Na Versus, a dupla formada pela bombshell da melhor idade, Donatella Versace, e pelo garotão escocês Christopher Kane fez do pink gritante a estrela de sua coleção estilo boneca plástica.

A cor brilhou mais que a também berrante e intensa Beth Ditto, escalada para cantar durante o desfile.

O rosa deu as caras na Prada, em versão açucarada e combinada com vermelho-sangue. Também apareceu com laranja e vermelho na Versace e, em versões rosinha-pele, em desfiles como o da Bottega Veneta.

Mas o que o rosa estaria fazendo de volta num momento em que a moda se prepara para uma nova transição do look "over" (ou seja, a estética do exagero) para algo mais austero, na linha uniforme?

O que o pink, conhecido como a cor de patricinhas e peruas, estaria fazendo numa temporada que não só caminha segundo o novo purismo fashion como também resgata uma das mães do minimalismo, a alemã Jil Sander?

Após hiato de oito anos, a designer voltou às passarelas italianas à frente da grife que leva seu nome.

A resposta está na cartilha de um dos ícones da moda mundial: a lendária editora de moda Diana Vreeland.

Essa francesa ajudou a construir, nos EUA, o prestígio de revistas como "Harper's Bazaar" e "Vogue".

São clássicos os retratos femininos que criou com o fotógrafo Richard Avedon (cujo trabalho foi uma das inspirações do desfile da Gucci).

Diane certa vez disse que "o pink era o azul-marinho da Índia", explicando que o rosa ocupava, nas roupas casuais daquele país, papel equivalente ao do azul escuro na França. Era uma cor nacional indiana e, portanto, estava nas roupas do dia-a-dia das mulheres comuns.

A Índia e outros países orientais endinheirados (os vermelhos de Japão e China também fazem parte da cartela da vez) são inspirações vindas de relatórios de vendas das marcas e estão na ponta da língua dos estilistas. Aí é fazer as contas: basta pegar uma cor simbólica do repertório estético de um mercado emergente e mudar o tom do minimalismo ocidental em preto-e-branco.

O pink é o novo preto, que, por sua vez, é o azul-marinho da francesa Diana na versão globalizada, segundo os EUA e as antigas potências europeias. E a moda, na matemática do mercado capitalista, segue substituindo variáveis, sistematicamente.

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