Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Fausto Fawcett faz filosofia do delírio

Reflexões sobre um pouco de tudo se encaixam no romance futurista "Favelost", lançado com show hoje em SP

Escritor e compositor apresenta, junto com a banda Tríceps, canções baseadas no universo de seu novo livro

THALES DE MENEZES
EDITOR-ASSISTENTE DA “ILUSTRADA”

Em que seção das livrarias o carioca Fausto Fawcett gostaria que fosse colocado "Favelost", seu novo romance? "Por favor, coloquem perto do Aldous Huxley!", responde o escritor.

Fawcett, 55, admite que vê o trabalho como homenagem a Huxley (1894-1963), conhecido pelo clássico de ficção científica "Admirável Mundo Novo", de 1932.
Ele argumenta: "Seus romances às vezes têm só um fiapo de história, que ele usa para falar de muitas coisas, como se fossem ensaios".

"Favelost" tem essa característica. Na trama passada num futuro em que São Paulo e Rio são uma única cidade, na verdade uma gigantesca "mancha urbana" em torno da via Dutra, seus personagens estão ali para ancorar grandes blocos de considerações de Fawcett sobre... tudo.

Segundo o autor, um dos motes do livro é que, depois de 300 anos de modernidade guiados por pensadores cabeças-de-chave, como Nietzsche e Freud, tudo caiu na acomodação e as pessoas precisam ser sacudidas.

No livro, ele trata de temas como o poder das grandes corporações, a sustentabilidade, o terrorismo e a religião, tudo em blocos "filosóficos" ligados pela ação frenética de personagens como os assassinos Júpiter Alighieri e Eminência Paula.

Há sexo e violência com ecos das histórias em quadrinhos.

Fawcett concorda em classificar sua prosa como delirante. "Delírio é uma palavra que ficou um pouco, digamos, desqualificada. Virou algo café com leite, 'ah, esse cara aí tá delirando'. Mas o delírio, como eu vejo, não é uma coisa facilitadora, tem a função de mostrar o quanto a realidade é enganosa."

Sim, os nomes dos personagens do livro lembram aqueles que habitam as canções e os romances de Fawcett desde a década de 1980, como Santa Clara Poltergeist e Kátia Flávia.

Os shows de Fawcett se celebrizaram pela presença de loiras provocantes.

Os de maior repercussão -de seu disco de 1993, "Básico Instinto"- contavam com Marinara e Regininha Poltergeist, duas musas estampadas várias vezes em revistas masculinas.

As "blondies" continuam na vida de Fawcett. Eminência Paula é, claro, platinada, e hoje ele lança seu livro em São Paulo com um show do Tríceps, projeto que conta com duas garotas no grupo.

Agora, as loiras não são mais as bailarinas de palco, mas meninas roqueiras que tocam de verdade: Bianca Jhordão e Carol Teixeira.

A primeira é cantora e guitarrista da banda Leela. As duas fizeram parte do projeto eletrônico Brollies and Apples, junto com Rodrigo Brandão, marido de Bianca, também do Leela e o quarto integrante que fecha a formação do Tríceps.

"Minha história com o Leela é antiga, escrevemos música juntos desde os anos 1990", conta Fawcett.

Para ele, os shows com o Tríceps são uma experimentação que está numa espécie de "segunda fase".

"Em 2010, a gente se reuniu e fez shows com músicas que estavam na gaveta. Agora, vamos mostrar canções sobre o universo do livro. Depois vamos compor coisas novas e formatar definitivamente o grupo", adianta.

FAVELOST
AUTOR Fausto Fawcet
EDITORA Martins Fontes
QUANTO R$ 39,90 (244 págs.)

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.