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Festival do Rio 2012 Filme de Spike Lee sobre Jackson se prende à parte musical de 'Bad' Documentário que mostra bastidores das gravações do disco é exibido hoje no evento carioca Em entrevista, diretor relembra filmagens de clipe rodado no Brasil e diz ter influenciado "Cidade de Deus" RODRIGO SALEMENVIADO ESPECIAL A VENEZA Spike Lee só dirigiu um vídeo de Michael Jackson. E foi exatamente o clipe de "They Don't Care About Us", filmado no Brasil, em Salvador e no Morro Dona Marta, no Rio, em 1996. O cineasta costuma dizer que foi o trabalho mais complicado de sua vida, que precisou pedir para o chefe do tráfico do morro para garantir a segurança de Jackson. "Essa história inspirou 'Cidade de Deus', sabia? 'Cidade de Deus' não existiria sem Michael Jackson", exagera o falastrão diretor. "A gente não estava no Brasil para diversão. Trabalhou 15 horas por dia e quase não dormia." Mas Spike Lee encontra a Folha em Veneza para falar sobre algo que se passou 10 anos antes disso, as gravações do disco "Bad", que completou 25 anos em agosto e resultou no documentário "Bad 25", que é exibido hoje no Festival do Rio pela primeira vez no Brasil -o longa não sairá em circuito, ganhando apenas edição em DVD, prevista para fevereiro. Lee, que tem outro filme no evento, a ficção "Verão em Red Hook", foi chamado pela gravadora Sony para recuperar histórias da gravação do álbum que teve a missão de suceder "Thriller" (1982). Por ser um produto encomendado sobre um dos discos mais importantes da cultura pop, "Bad 25" preocupa-se mais em analisar as gravações e os métodos criativos de Jackson na época em que ele começou a ganhar o apelido de "Wacko-Jacko" (algo como Jackson Loucão). "Na época, Michael Jackson era o ser humano mais popular do planeta. Claro que haveria uma reação natural a isso. Está inerente em nós. Se temos alguém no topo, queremos trazer para baixo", afirma o cineasta. "As pessoas esquecem que Michael era um homem com talento divino. E foi minha ideia de focar apenas na música." E nisso "Bad 25" funciona muito bem. Por ter uma entrada fácil na comunidade musical -"Faça a Coisa Certa", de Lee, ajudou a cultura hip-hop a estourar em 1989-, o diretor consegue depoimentos de Chris Brown, Kanye West e Justin Bieber. O documentário traz momentos interessantes, mesmo para quem só lembra de Jackson por suas excentricidades. O melhor aparece no início, quando Lee destrincha o vídeo de "Bad" ao lado de Martin Scorsese, diretor do "curta-metragem", como Jackson chamava seus clipes. Scorsese, conhecido pela memória prodigiosa, traz revelações como a surpresa ao ver o movimento pélvico que virou assinatura de Michael e como ele foi contratado para deixar o cantor "mau". "Martin não via o vídeo há 25 anos e lembrou que havia um final alternativo", conta Lee, que também traz detalhes, como um suposto encontro entre Jackson e Prince no auge da rivalidade entre os dois, no fim dos anos 1980. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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