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Crítica Ação Filme de Stone peca por falta de ritmo e overdose de clichês ALEXANDRE AGABITI FERNANDEZCOLABORAÇÃO PARA A FOLHA Em franca decadência como cineasta, Oliver Stone chama mais a atenção posando como esquerdista ingênuo do que com seus filmes. "Selvagens" é um thriller bastante violento, cínico e maniqueísta, muito distante das ideias humanistas que Stone apregoa a torto e a direito. O filme fala da contaminação dos EUA pelos cartéis de droga mexicanos. A linguagem se baseia nos códigos do filme de ação, com mocinhos e bandidos, belos e feios -tudo dentro dos padrões hollywoodianos. Ben (Aaron Johnson) é um botânico idealista e pacifista, que passa um bom tempo ajudando comunidades carentes na África. Chon (Taylor Kitsch), seu amigo de infância, é um ex-Marine que serviu no Afeganistão, de onde trouxe sementes de maconha de alta qualidade. Ambos se associam para cultivar "a melhor maconha do mundo" na Califórnia, onde a erva é liberada para uso medicinal. Mas eles não resistem à tentação de vender a droga no mercado paralelo, muito mais lucrativo do que o legal. Os dois são muito amigos, a ponto de dividirem uma mansão na paradisíaca Laguna Beach e de compartilharem a namorada, a bronzeada Ophelia (Blake Lively), que corresponde perfeitamente ao estereótipo da loira burra. Os negócios vão muito bem graças a Dennis (John Travolta), policial corrupto da brigada antidrogas. CLEÓPATRA DO TRÁFICO A prosperidade da dupla chama a atenção dos narcotraficantes mexicanos, chefiados por Elena (Salma Hayek), cuja peruca com franjinha faz lembrar Elizabeth Taylor em "Cleópatra" (1963). Truculenta e sanguinária, Elena obriga os dois amigos a colaborar com ela. Comandados por Lado (Benicio Del Toro), os capangas de Elena são especialistas na arte de intimidar os pacatos agricultores californianos, o que garante uma infinidade de cenas de violência. O filme poderia muito bem se chamar "A Cleópatra do narcotráfico contra os maconheiros do bem". GUERRA MEXICANA É claro que Oliver Stone nada menciona sobre a fracassada "guerra contra as drogas" lançada pelo governo mexicano. Insuflada pelos Estados Unidos, que vendem as armas, esta guerra fez dezenas de milhares de mortos nos últimos anos. A contaminação que o filme relata é consequência disto. A lista de problemas é ainda maior: o trio de atores principais não tem carisma, apenas atributos plásticos; os mexicanos são física e moralmente repugnantes -falam inglês entre si e só usam o espanhol para xingar e se lamentar; o roteiro peca pela falta de ritmo, algo imperdoável em um filme de ação; há uma overdose de clichês; o duplo final é inútil. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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