Série mostra relação de músicos com SP

Documentários, quando bem-feitos, servem para agigantar a obra de um artista. Foi assim com "Meu Tempo é Hoje (2004), sobre Paulinho da Viola, e "O Mistério do Samba" (2008), que retrata o universo de outros compositores veteranos da Portela.

Agora, mais de 40 anos depois -e guardadas as devidas proporções-, assim como diretores mostraram o cotidiano dos sambistas de Oswaldo Cruz, Romulo Fróes apresenta pares musicais de sua geração por meio de lugares que foram marcantes em suas formações.

Ao todo, serão 13 episódios que vão ao ar no Canal Brasil, com apresentação de Fróes e Debora Pill. A estreia, que acontece hoje, tem como personagem o cantor e compositor Tatá Aeroplano.

O primeiro episódio, assim como os demais, mostra um pouco da relação do músico com a cidade de São Paulo.

"A gente tem material para mais duas temporadas. E existe o desejo de que isso vire um longa. Esses dias eu fui ver 'Tropicália' e fiquei imaginando: 'Daqui a 30 anos, se fossem fazer um filme sobre essa turma, esse programa serviria como um documento'", diz Fróes, que assina a direção ao lado de Gustavo Rosa de Moura.

Com Tatá, passeiam por Santa Cecília e pela rua Augusta, onde o músico costuma se apresentar e também comprar chapéus.

Nos episódios seguintes, diferentes em termos de estética e de montagem entre si, os apresentadores vão à zona norte encontrar Emicida, passeiam pela zona leste com Anelis Assumpção e rodam pelo Cambuci e por Guarulhos com Kiko Dinucci.

Com Siba, por exemplo, a caminhada chega à praça da Sé. Com Hélio Flanders, às ruas da Barra Funda.

"Os episódios já ficam diferentes porque não têm roteiro. E eu não queria fazer o mesmo enquadramento, a mesma montagem para cada programa porque cada um [dos músicos] tem uma história diferente", explica Fróes.

Anelis fala da relação com sua filha, com seu pai, Itamar Assumpção (1949-2003), e de sua criação no bairro da Penha -com direito às lembranças das baladas na danceteria Toco, famosa nos anos 1980.

Já Emicida recebe os apresentadores na sede de seu selo, o Laboratório Fantasma, e ainda estende o rolê ao Tucuruvi e ao bairro do Cachoeira, onde mora sua mãe.

Em suma, os episódios mostram um lado pessoal do cotidiano dos músicos, sem deixar de apresentar a obra deles a quem não os conhece.