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Crítica / Suspense

Ken Loach volta à guerra em 'Rota Irlandesa'

Thriller pulsante sobre vingança chega ao Brasil dois anos após estreia no Festival de Cannes

Divulgação
Os atores John Bishop, à frente, e Mark Womack protagonizam o filme 'Rota Irlandesa
Os atores John Bishop, à frente, e Mark Womack protagonizam o filme 'Rota Irlandesa'

ALBERTO PEREIRA JR.
DE SÃO PAULO

Dois anos depois de sua primeira exibição em Cannes e em meio à atual convulsão do mundo muçulmano provocada por um vídeo considerado insultuoso ao profeta Maomé, o filme "Rota Irlandesa" entrou em cartaz no Brasil na última sexta-feira.

O longa marca o retorno do diretor inglês Ken Loach à temática da guerra, após o premiado "Ventos de Liberdade", de 2006.

Nesta produção, contudo, ele troca o tom solene de uma história de época pela aridez de um conflito que ainda busca justificativas críveis nos dias de hoje.

Com roteiro de Paul Laverty, "Rota Irlandesa" é desenhado como um thriller de vingança.

Após receber a notícia da morte de seu amigo de infância, Frankie (John Bishop), Fergus (Mark Womack) empreende uma caçada aos responsáveis pela tragédia.

Frankie fora vítima de um bombardeio na tal Rota Irlandesa que dá título ao filme, uma das estradas mais perigosas de Bagdá, que liga o aeroporto da cidade à Zona Verde, área de ocupação norte-americana.

O amigo morto não estava em solo iraquiano na condição de militar, mas prestando serviço a empreiteiras que transportam pessoas e objetos nessas regiões de conflito. O trabalho, aliás, foi uma indicação do próprio Fergus, que fez um bom dinheiro contratando ex-soldados dispostos a arriscar a vida como mercenários.

Passado quase todo na Inglaterra, país parceiro dos Estados Unidos tanto na invasão ao Afeganistão quanto no Iraque, "Rota Irlandesa" ganha fôlego com o uso de imagens reais e documentais nos flashbacks sobre o conflito iraquiano.

Explosões, prisões e barbárie trazem ao longa um registro mais pulsante e quente, na contraposição da paisagem cinzenta britânica.

A atuação de Mark Womack coopera muito para o clima eletrizante de algumas cenas. Loach, por sua vez, se esmera na resolução dos mistérios, boa parte blindada contra deduções primárias.

Como um rolo compressor, movido por um sentimento de culpa, Fergus envolve outros inocentes -um músico iraquiano, a ex-mulher de Frankie, Rachel (Andrea Lowe), e alguns amigos na sua saga de acerto de contas.

A cada pista errada, a urgência de vingança aumenta, culminando num desfecho sem nenhuma redenção.

Em duas semanas, o público paulistano terá a oportunidade de ver outra produção do diretor, o filme "The Angel's Share" (2012), prêmio especial do júri de Cannes, que será exibido na Mostra Internacional de São Paulo.

Nele, o diretor evoca seu registro social contemporâneo da classe média e trabalhadora inglesa.

ROTA IRLANDESA
DIRETOR Ken Loach
PRODUÇÃO Reino Unido, França, Bélgica, Itália, Espanha, 2010
ONDE Espaço Itaú de Cinema do shopping Frei Caneca
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO bom

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