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Na casa dos 30

Revista seleciona projetos de 16 escritórios de arquitetura e revela destaques entre os profissionais de menos de 40 anos

GUSTAVO FIORATTI
DE SÃO PAULO

A arquitetura autoral no Brasil esteve frequentemente ligada a dois perfis de projeto: casas e obras públicas.

Os residenciais de pequeno porte foram um laboratório comum aos modernistas e seus herdeiros; e as encomendas do governo deixaram, além da obra de Oscar Niemeyer, um legado no circuito de museus (a reforma da Pinacoteca por Paulo Mendes da Rocha, por exemplo).

Esse norte não é exatamente o mesmo entre arquitetos de uma nova geração, os mesmos que já não tomam o concreto armado como eixo fundamental de seus trabalhos. Nos últimos cinco anos, os edifícios de apartamentos também ganharam espaço na produção de jovens pelo país.

Esse é um dos diagnósticos apontados por uma seleção apresentada pela 11ª edição da revista "Monolito" com projetos assinados por arquitetos de até 40 anos que trabalham em 16 escritórios de seis Estados brasileiros. Foram analisados trabalhos de 80 nomes do país.

Com tiragem de 2.000 exemplares e venda em livrarias, a revista bimestral é objeto de coleção para o público especializado.

SÃO PAULO E MINAS

Segundo o editor da revista, Fernando Serapião, a mudança no cenário decorre de uma leve abertura do mercado imobiliário para projetos mais ousados, como os que os escritórios Triptyque e Nitsche desenvolveram para a incorporadora paulista Idea!Zarvos na Vila Madalena.

"Dois projetos selecionados pela revista são da Zarvos, e outros dois arquitetos citados têm projetos com eles", diz Serapião.

Outro investidor determinante, que coloca Belo Horizonte como segundo possível polo da arquitetura nacional -logo depois de São Paulo (veja tabela ao lado)- é Inhotim, em Brumadinho (MG).

O escritório Rizoma, de BH, por exemplo, entrou para a lista por conta de dois projetos desenhados para o parque, os recém-inaugurados pavilhões dedicados aos artistas Lygia Pape e Tunga.

Embora a maioria dos selecionados seja de velhos frequentadores de publicações especializadas, há espaço para apostas. Sérgio Sampaio, diz Serapião, destoa dos outros 15 nomes por não ter obras publicadas em revistas e por não ter vencido concursos públicos. Seu projeto é a casa PV, em Itu, com 890 m² de área construída.

A preocupação com modelos sustentáveis e a interrupção das tradições modernistas ou do estilo dos mestres risca novas diretrizes. "Martin Corullon, da Metro Arquitetos, trabalha com o Paulo [Mendes da Rocha], mas faz uma obra que nunca seria feita por ele; é uma investigação própria", diz Serapião.

O escritório entrou para a seleção com o Museu do Chocolate, em Caçapava, intervenção em uma fábrica da Nestlé projetada por Maurício Kogan nos anos 1970.

Após analisar a seleção da Monolito, o arquiteto Isay Weinfeld também deferiu: "Parece-me que há, nesta geração, mais diversidade do que existia na anterior, o que é muito bom. É melhor que procurem suas próprias identidades do que sigam fielmente os passos de seus mestres."

O legado dos grandes nomes exerceu uma forte pressão sobre arquitetos das gerações seguintes, diz o arquiteto e historiador italiano Roberto Segre, autor de "Brasil - Jovens Arquitetos" (Editora Viana & Mosley, 2004).

"Os jovens paulistas, por exemplo, hoje tentam escapar dessas influências, do minimalismo, do traço simples e ortogonal", completa.

A ideia de listar o trabalho de jovens arquitetos, diz Serapião, dá prosseguimento a três seleções anteriores. A primeira foi feita em 1982 em reportagem da revista "Módulo", publicação editada por Niemeyer. O texto citava o arquiteto Marcos Acayaba, pai de Marina Acayaba, que está na nova seleção.

As outras duas listas que inspiraram Serapião foram publicadas pelas revistas Projeto e Projeto Design, da editora Arco Editorial.

REVISTA MONOLITO
QUANDO lançamento da 11ª edição, hoje, das 19h às 22h
ONDE galeria Idea!Zarvos (r. Aspicuelta, 153, Vila Madalena, tel. 11-5189-1818)
QUANTO grátis; o exemplar da revista custa R$ 84 (150 págs.)

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