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'Tudo era meio redundante', diz Caetano

Cantor falou pela primeira vez sobre o documentário "Tropicália" em sessão com moradores de Guadalupe, no Rio

Em debate após exibição do filme, músico elogiou seleção de imagens inéditas e reação do público

FABIO BRISOLLA
DO RIO

As cenas de shows do documentário "Tropicália", de Marcelo Machado, agradaram Caetano Veloso, mas o restante do roteiro não despertou seu interesse. O artista hesitou em ver o filme.

"Me senti meio desmotivado, não gosto muito de me ver, e o pessoal que fala [sobre a Tropicália] são meus amigos próximos, tudo era meio redundante para mim", disse Caetano, que esteve anteontem no Ponto Cine, sala de exibição popular em Guadalupe, zona norte do Rio.

Em 1956, ao desembarcar na cidade, Caetano morou por um ano no bairro.

Com capacidade para 76 lugares, a pequena sala reuniu mais de cem pessoas, algumas acomodadas no chão dos corredores. Caetano chegou para a conversa com a plateia após a exibição.

Há duas semanas, ele assistiu ao documentário acompanhado por Tom, 15, seu filho mais novo. Apesar das "redundâncias" alegadas, Caetano apreciou a reação do público na sala de exibição.

"Gostei muito de ver no cinema com a plateia, todas as virtudes do filme apareceram", disse o cantor, que elogiou as imagens inéditas localizadas pelo diretor.

"Queria ver mais material de arquivo. Só que o material brasileiro foi quase todo destruído. O que tem, a gente já conhece. Felizmente, surgiram gravações e filmagens feitas em Portugal, na França e na Inglaterra. Acho que, nestes países, as pessoas preservam mais seus arquivos do que os brasileiros."

Caetano, um dos protagonistas da narrativa, ainda não havia se pronunciado.

"O filme foi lançado e eu não me meti, não apareci para falar sobre ele. Mas, quando me chamaram para vir a Guadalupe, aceitei de imediato. Vim mais por causa de Guadalupe do que pelo filme", acrescentou Caetano, com bom humor.

Na plateia do debate estava a dona de casa Carla Maria Salles Moreira, 48, prima distante do compositor e moradora do bairro.

"O Caetano morou por um ano na casa dos meus pais, no mesmo endereço onde estou até hoje", disse Carla.

Outra moradora cobrou uma apresentação dele na lona cultural, a arena de

shows da área. O compositor prometeu pensar no assunto. E citou a apresentação para cem mil pessoas realizado em Realengo, bairro próximo de Guadalupe, em 1993.

"Ficou na minha mente como o show mais bonito que fiz em toda a minha vida. Passei até a gostar do Cesar Maia [prefeito na época que promoveu a apresentação] por causa disso", disse o cantor, arrancando risos da plateia.

Na campanha eleitoral recente, Caetano pediu votos para Marcelo Freixo, do PSOL, derrotado pelo prefeito Eduardo Paes (PMDB).

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