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Crítica trilha sonora Australianos recriam gêneros em uma declaração de amor à música americana THALES DE MENEZESEDITOR-ASSISTENTE DA “ILUSTRADA” "Lawless", o álbum, é caso raro de servir muito bem como trilha sonora do filme e também sobreviver independente como um disco. Na verdade, um discaço. Nick Cave e amigo Warren Ellis, parceiros nos grupos Bad Seeds e Grinderman, estão usando trilhas de cinema como um resgate da tradição da canção americana, devidamente reempacotada. Esta é uma terceira parte desse projeto. Antes, as trilhas dos faroestes "A Proposta" e "O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford" já iam nessa direção. O mercado fonográfico tem até um rótulo para o gênero: "americana", quase autoexplicativo. Mistura ritmos regionais tocados desde o século 19 nos EUA, como bluegrass e folclore irlandês. Alguns se fundiram no que hoje se conhece como jazz, blues e música country. Tudo isso junto é americana. O mérito de Cave é não ter medo de usar sons modernos para recriar a tradição. Ele e Ellis, mais conhecido como violinista, mas capaz de tocar vários instrumentos, tecem melodias aceleradas ou mais lentas, sempre arrepiantes. A trilha de "Lawless" (título original do longa) é o mais bem acabado esforço da dupla. Entre originais e regravações, convidaram duas vozes veteranas: Ralph Stanley, 85, lenda viva do bluegrass, e Emmylou Harris, 65, dama do country com 12 troféus do Grammy na estante. Stanley dá um selo de aprovação a Cave e Ellis, oriundos do rock. Harris é a voz etérea perfeita para canções inebriantes. Mark Lanegan, ex-Screaming Trees, e Willie Nelson também participam. O disco ainda mostra que a viajandona "White Light/White Heat", de Lou Reed, pode soar como uma canção rural dos anos 1930. É notável que dois australianos sejam os autores de uma verdadeira declaração de amor à música americana.
LAWLESS - ORIGINAL SOUNDTRACK |
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