Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Crítica Comédia

Longa reinterpreta com frescor fórmulas clássicas de comédias românticas antigas

DO CRÍTICO DA FOLHA

Os adeptos dos filmes fofos não precisam mais esperar. Seis anos depois de "Pequena Miss Sunshine", Jonathan Dayton e Valerie Faris, diretores responsáveis pela maior fofura da década passada, encontraram um material promissor que deu origem a "Ruby Sparks - A Namorada Perfeita".

Zoe Kazan (neta do diretor Elia Kazan), autora do roteiro e protagonista na companhia do namorado, Paul Dano, alcança algo que Hollywood fazia toda semana e aos poucos perdeu a fórmula.

Em seu primeiro roteiro, Kazan reinterpreta com frescor as mais fáceis soluções da comédia romântica à moda antiga temperando-as com os desajustes existenciais padronizados do cinema indie.

Para dar certo, só faltava a habilidade de Dayton e Faris, que dominam a química capaz de transformar as situações mais banais em graça.

A trama gira em torno de Calvin, jovem escritor em crise criativa, antissocial e solitário. Depois que ele começa um novo livro, descobre que as fronteiras entre realidade e ficção foram abolidas com a entrada em cena de Ruby, uma garota na medida dos seus sonhos.

O uso mais ou menos pretensioso da duplicidade real/imaginário não tem nada de novo, e os efeitos da confusão entre o escrito e o vivido já deram origem a filmes que ainda estão na nossa memória, como "Adaptação" e "Mais Estranho que a Ficção".

Só que, em vez de simular a profundidade dessas tramas que ostentam "elaboração", "Ruby Sparks" faz escolhas mais prosaicas.

Como a mais ingênua das comédias românticas, o filme parte de um problema -a solidão- e oferece uma solução -o par perfeito.

Contudo, daí em diante é que a situação se complica. Como lidar com os limites da realidade quando basta querer para que todos os desejos sejam realizados? Como segurar a imaginação e impedir que a vida não seja completamente tomada pelo delírio?

Numa visita à mãe e ao padrasto satisfeitos em seu sonho californiano, a utopia de Calvin e Ruby começa a se desfazer. Logo o casal tem de lidar com crises, desconfianças e incompreensões que toda vida a dois, real e não imaginada, oferece.

Ali, o filme escapa da fantasia ingênua e volta para o mundo sem graça, conquistando no caminho o encanto da imperfeição.

(CÁSSIO STARLING CARLOS)

RUBY SPARKS - A NAMORADA PERFEITA

DIREÇÃO Jonathan Dayton e Valerie Faris
PRODUÇÃO EUA, 2012
ONDE Eldorado Cinemark e circuito
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
AVALIAÇÃO bom

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.