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Thiago Lacerda vive Hamlet existencialista

Ator aceitou convite após saber que Ron Daniels seria o diretor de montagem sobre menino em busca da verdade

Galã conta que já se preparava havia tempo para atuar em texto de Shakespeare, mas não imaginava viver Hamlet

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Hamlet" é a maior empreitada da carreira de Thiago Lacerda. Não pela extravagância que é viver o personagem. Tampouco pelos superlativos usados para definir a obra shakespeariana. A grande ousadia, segundo o ator, é atingir a essencialidade do texto.

"A montagem busca simplicidade, algo que só se conquista com a maturidade e a experiência de um diretor como Daniels", diz Lacerda.

Segundo Ron Daniels, seu mérito é ater-se às palavras de Shakespeare. "Tudo o que fiz na vida me leva a este 'Hamlet'. Precisei apenas me entregar ao texto. De tão maravilhoso, é quase como se ele não precisasse de nós. Temos que nos ausentar", diz Daniels.

O ator conta que já pensava havia tempos em exercitar-se numa obra de Shakespeare, autor que define como "a maior fonte dramática da história". Não imaginou começar com sua obra-prima.

Entretanto aceitou de prontidão o convite do cenógrafo e idealizador do projeto, Ruy Cortez, para protagonizar "Hamlet" quando soube que Ron Daniels assinaria a montagem, após mais de uma década longe dos palcos do país -sua última encenação no Brasil foi "Rei Lear", em 2000, com Raul Cortez.

Lacerda embarca na tragédia não como o príncipe dinamarquês que anseia vingar o pai assassinado, personagem que é encenado no mundo todo ao longo de mais de cinco séculos, mas como um menino em busca da verdade.

"Daniels me fez ver que esta é a verdadeira trajetória de Hamlet. Ele é um garoto perdido e doente de algo que desconhece e não sabe para onde deve seguir", diz o ator.

Segundo o diretor, sua doença é a mesma de toda a sociedade: o apodrecimento moral da humanidade. Ela é gerada por homens corruptos regidos por ambições desmedidas, entre outros valores deturpados.

Daniels define Hamlet como existencialista. "Ele se questiona mais do que qualquer personagem shakespeariano. Quer descobrir quem é, onde está e, de quebra, nos faz perceber quem somos."

Não é a primeira vez que Lacerda elege um texto existencialista para interpretar. Em 2008, o ator protagonizou "Calígula", clássico do escritor Albert Camus, sob direção de Gabriel Villela.

"É curioso perceber este meu movimento. Foi uma trajetória involuntária, mas me faz pensar que eu também talvez seja um existencialista", conta. (GABRIELA MELLÃO)

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