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Fotógrafo inventa em imagens aventura de passista carioca

Livro em edição de luxo do paulistano Renê de Paula parte em busca de conceito entre arte, moda e publicidade

Obra lançada hoje em São Paulo pretende criar arquétipo de brasileira; autor quer transformá-la em filme

EDER CHIODETTO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Joia" é o nome do arquétipo da mulher brasileira, tal como concebido por Renê de Paula, 49, no livro homônimo que o fotógrafo paulistano lança hoje.

Em ritmo de "Orfeu da Conceição", de Vinícius de Moraes, o fotógrafo especializado em publicidade e moda assina o roteiro da história.

Após dois anos de produção, 32 locações e muitas modelos de renome, a parceria com a editora Stilgraf e a fabricante alemã de máquinas fotográficas Leica, entre outros, permitiu a confecção de um livro em grande formato.

Com acabamento luxuoso, o volume pretende ser o primeiro produto desse roteiro que ambiciona vir a ser no futuro o primeiro longa metragem do fotógrafo.

A iniciativa teve início quando o mercado de publicidade deixou de ser rentável ao mesmo tempo em que permitiu alguma criatividade para os fotógrafos, como ocorreu mais fortemente nas décadas de 1980 e 1990.

A partir daí, um grande contingente desses profissionais têm migrado para trabalhos autorais em busca de um lugar no mercado editorial de livros e no circuito de arte.

A crise no setor de publicidade se deu com a chegada das câmeras digitais e a consequente primazia que passou a ter a relação entre o diretor de arte das agências com os tratadores de imagem, relegando o fotógrafo a um mero agente instrumental no processo de criação.

Vários desses profissionais, no entanto, começam a ser reconhecidos em outras áreas. É o caso, por exemplo, de Bob Wolfenson, representado pela galeria Millan e de Ricardo Barcellos, que no momento está em cartaz com uma mostra na Central Galeria, na Vila Madalena (r. Mourato Coelho, 751; tel. 0/xx/11/ 2645-4480; grátis), até 27/10.

Essa conversão do trabalho por encomenda para o trabalho estritamente autoral, embora sedutora, não é fácil. "Acontece que agora não quero mais voltar para a publicidade", assume Renê de Paula.

Em "Joia", o fotógrafo começa a narrar a história de uma menina que nasce no Morro de São Carlos, no Rio. Apelidada de Joia pelo pai, a menina se torna passista de uma escola de samba.

Para manter seu poder de sedução com os homens, Joia vai para Salvador e, no candomblé, consegue um encantamento que também será a sua maldição. Seduz a todos, mas não pode amar ninguém.

Entre glórias e desventuras, o roteiro serve para pontuar a tendência ao trágico que toda beleza contém.

As imagens das 272 páginas variam entre bons momentos quando o fotógrafo se mostra mais solto, como quem narra a história de dentro da loucura que ela suscita, com momentos em que a filiação a uma estética comercial e pasteurizada eclipsa a narrativa e soa como um portfólio comprometido com a demanda do mercado.

Uma edição mais rigorosa e equilibrada das imagens, porém, talvez ajudasse na transição conceitual e estética necessária para se chegar ao sonhado filme.

JOIA
AUTOR Renê de Paula
EDITORA Stilgraf
QUANTO R$ 750 (272 págs.)
LANÇAMENTO hoje, às 19h, na Cinemateca Brasileira (lgo. Senador Raul Cardoso, 207; tel. 11-3512-6111)

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