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Na boca da urna

Adolescentes falam sobre a escolha de seus candidatos no segundo turno em SP

RODRIGO LEVINO
EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

No próximo domingo (28), quando acontece o segundo turno da eleição municipal em São Paulo, cerca de 500 mil jovens entre 16 e 20 anos estarão aptos a escolher entre José Serra(PSDB) e Fernando Haddad (PT).

Desse total, pouco mais de 21 mil têm 16 anos, idade em que se pode ir às urnas pela primeira vez.

Se comparado ao tanto de eleitores da cidade (cerca de 8,6 milhões), o número dos estreantes parece ínfimo, embora seja suficiente, por exemplo, para decidir uma campanha de páreo duro.

A importância do voto dos adolescentes, no entanto, reside em outro aspecto além do numérico. Votar é se tornar personagem da vida política do país.

Quando se escolhe um candidato a prefeito, está se optando por propostas amplas, que vão de melhorias na educação, no transporte e na saúde públicos, até detalhes mais palpáveis como a coleta de lixo no bairro.

Para Vitor Marchetti, cientista político da Universidade Federal do ABC, o voto do adolescente é como um rito de passagem.

"É quando você deixa de pensar apenas em aspectos privados de sua vida, como amigos, escola e preferências culturais, e passa a refletir sobre como se insere em questões da vida pública e o que quer para o futuro da cidade onde vive."

Ou seja, o voto é a expressão de uma escolha individual que se baseia também no interesse da coletividade. É quando a gente se torna cidadão, com direitos e deveres políticos, podendo cobrar quem nos representa.

A ESCOLHA

O caminho até a escolha é variado. Para a estudante Giulia Cardoso, 16, a conversa com amigos e a leitura de jornais foram fundamentais no primeiro turno. Até para mudar o voto de familiares.

"Convenci algumas pessoas da família, que iam votar em branco ou anular o voto, a refletir melhor e perceber que havia candidato com boas propostas, sim", conta.

A observação de Giulia toca em um aspecto importante do debate político: o risco de despolitização que nasce de expressões como "os políticos são todos iguais".

Quando questões assim se fixam na mentalidade da maioria, abre-se um caminho para maus políticos, que certamente terão quem vote neles se abstendo de refletir a respeito.

É mais ou menos como pensa a estudante Júlia Galhardo, 16. "Não acredito em candidato perfeito. Todos erram e têm seus interesses. Mas acredito que há quem pense mais em ajudar a população". Para ela, é o critério mais importante.

NA HORA DO VOTO

Independentemente do meio pelo qual se vai conhecer melhor os candidatos, destrinchar os seus planos de governo e pesquisar sobre o histórico de cada um na vida pública é a uma forma de dar consistência ao voto.

"Conhecer as propostas de cada um ajuda a saber como cobrá-los depois de eleitos, né?", ressalta Renan Brienza, 16, que votou pela primeira vez neste ano e já se vacinou contra certos truques.

"Os programas eleitorais gratuitos ajudam bastante a definir em quem vamos votar, mas acho importante prestar atenção no caráter apelativo e emocional de algumas propagandas."

Brienza chegou a pensar em mudar o voto por causa das pesquisas eleitorais, que mostravam outro candidato, que não o seu, à frente. Mas chegou à conclusão de que é mais importante votar em quem melhor representa as suas ideias do que em quem tem chance de ganhar.

Com a disputa centrada em apenas dois candidatos, a escolha fica facilitada. Familiares dão pitaco, jornais e TVs cobrem a campanha diariamente, o assunto bomba na web, principalmente nas redes sociais.

É o futuro da cidade que está em jogo, e o jovem é parte importante disso.

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