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Filhas de Itamar lançam inéditos do pai

Anelis e Serena Assumpção organizaram livro que reúne anotações deixadas pelo músico em cadernos pessoais

Material tem haikais, poemas e textos sobre amor, futebol, animais e artistas admirados pelo cantor e compositor

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Provocador e inquieto, um sujeito que batizara sua banda de Isca de Polícia, não devia ser flor que se cheirasse para as autoridades, gravadoras e contratantes de show.

"Tem gente que conta que, em um show, como parte do espetáculo, meu pai entrou atirando para cima com uma arma de verdade", diz Serena Assumpção.

Paulista de Tietê, ele escreveu seu nome na história da música brasileira a partir dos anos 1980. Agora, "Itamar Assumpção - Cadernos Inéditos" dá provas de que seu legado não foi apenas musical.

O livro, planejado desde 2003, é mais um produto que atesta o crescente interesse pela obra de Itamar a partir de sua morte.

De lá para cá, chegaram ao mercado o disco "Isso Vai Dar Repercussão", em parceria com o percussionista Naná Vasconcelos, o box "Caixa Preta", composto por 12 álbuns de Itamar, com regravações e dois discos inéditos, um songbook de partituras e o documentário "Daquele Instante em Diante".

"É difícil imaginar se o livro está saindo do jeito que meu pai gostaria. É mais fácil lidar hoje com as coisas que ele deixou. Logo depois que ele morreu, era muito difícil para nós", conta Anelis.

As filhas do cantor e compositor tiveram bastante trabalho para organizar o material que será lançado. Isso porque grande parte dos cerca de 600 poemas, letras de músicas e textos inéditos, além de tratarem de temas diversos, não tinham data.

Entre prosas extensas sobre animais, poemas divertidos ou profundos, odes a Pelé e ao Santos (seu time de coração) e haikais sobre músicos como Tom Jobim, Jorge Benjor, Hermeto Pascoal ou Jacob do Bandolim (veja abaixo), os originais também tinham anotações práticas do cotidiano de Itamar.

"Ele anotava tudo nos cadernos: 'Ligar para o pedreiro, ligar para o fulano'. Não deixamos isso no livro, mas o resultado é um acesso íntimo ao processo criativo. Não queríamos que ficasse com cara de livro de poesia, sabe?", comenta Serena.

O livro, que também traz imagens dos cadernos e desenhos feitos por Itamar, tem texto de apresentação escrito por outro provocador nato: o ator, diretor e dramaturgo Mário Bortolotto.

Para 2013, ano que marca os dez anos da morte do compositor, as filhas pensam num evento comemorativo.

"Como a data cai no dia dos namorados [12 de junho], a gente quer fazer algo mais leve, né?", comenta Anelis com Serena, mostrando o lado menos controverso do pai.

"Se ele estivesse vivo, tenho certeza de que estaria no Facebook provocando um monte de gente", comenta Anelis.

(LUCAS NOBILE)

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