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CRÍTICA SHOW

Chico Buarque cutuca ferida do espanto ao envelhecer

Espetáculo mostra todas as músicas do novo álbum e surpreende com rap

MARCUS PRETO, ENVIADO ESPECIAL A BELO HORIZONTE

Muitas conversas acontecem paralelamente em "Chico", novo show de Chico Buarque, que estreou anteontem em Belo Horizonte e chega a São Paulo em março.

O confronto do homem com o avançar da idade é a principal delas e já amarrava o respectivo álbum do cantor.

A abertura com "O Velho Francisco" mostra que ele está interessado em aprofundar o embate com o que ainda o espanta em envelhecer.

A música, de 1987, tem a função de cutucar essa ferida no espetáculo, somando forças às novas "Essa Pequena", "Tipo um Baião" e "Barafunda", de igual teor.

Mas esse Chico logo se mistura e se confunde com os outros muitos que ele foi -todos amarradinhos no roteiro polpudo de 31 números.

Ocupam grande espaço o "tradutor da alma feminina" ("Ana de Amsterdan", "O Meu Amor", "Teresinha", "Sob Medida") e o compositor de cinema, de teatro e de balé ("Baioque", "Geni e o Zepelin", "Valsa Brasileira", "Choro Bandido").

O Chico político quase não comparece. Surge só de relance no momento mais surpreendente do show: motivado pela versão de "Cálice" que Criolo vem mostrando em shows, Chico criou um rap.

Ao ouvir a versão atualizada de sua antiga letra, feita pelo rapper, Chico revela sua impressão: "Era como se o camarada dissesse/ 'Bem-vindo ao clube, Chicão/ bem-vindo ao clube'/ Valeu, Criolo Doido/ Evoé, jovem artista/ Palmas pro refrão/ do rapper paulista".

O diálogo é com Criolo, mas também com o Chico de anos atrás, que anunciou "a morte da canção" -e o rap é a negação desse gênero.

Mas a canção segue muito viva no espetáculo.

Os arranjos originais de "Chico" foram reformados. Mais vazios, deixam espaço para as canções se mostrarem. E se revelam mais bonitas em cena, sem a orquestração pesada à la anos 1990 que as derrubaram no álbum.

CHICO

AVALIAÇÃO ótimo

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