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Folhateen

Deu branco

Cabelos platinados viram modinha entre adolescentes, mas o custo de tanta química é alto para os fios

CHICO FELITTI DE SÃO PAULO

A estudante catarinense Andressa Damiani tem 20 anos e já exibe uma cabeleira completamente branca. Mas não é de preocupação. "Fui eu que escolhi a cor", diz. "E deu muito trabalho para ficar assim."

A Andressa se junta um time de celebridades que anteciparam a velhice capilar neste ano: as cantoras Lady Gaga, Pink, Kelly Osbourne, a modelo Kate Moss, o cantor Adam Lambert e Tom Felton, o Draco Malfoy da franquia "Harry Potter" no cinema.

Em 2012, a procura pelo tom disparou, disseram dez cabeleireiros e coloristas à Folha. Salões como o Retrô, na rua Augusta, têm profissionais especializados em loiro-platinado, outro nome para branco.

A alvejada de Andressa, que era ruiva, durou um ano. E foi tom por tom.

Primeiro, ela descoloriu os cabelos para um tom alaranjado. Passou, então, para o amarelo-ovo e ficou loira, numa cor "parecida com a do Supla". Quatro ardidas descolorações depois, os fios da moça estavam brancos como a neve.

É que o processo, na realidade, é de despintar o cabelo por completo, explica o colorista Michael Anderson. "É forçar tudo o que tem dentro do seu cabelo para fora, sugar tudo de pigmento e deixar ele bonito, mas sem vida".

Que o diga o paulistano Rodolfo Ducris, 17. Ele tentou ficar platinado em casa, por conta própria.

"Passei 'blondor' [descolorante a base de água oxigenada] no meu cabelo, que estava com uns quatro dedos de comprimento e desfiado, deixei por 40 minutos e lavei no chuveiro."

Mechas foram pelo ralo junto com o produto. "Raspei e disse para todo mundo que era para adiantar o resultado do vestibular."

CABELO OU CACHORRO?

A DJ paulistana Rafaela Casa Grande, 26, aderiu à moda contra a vontade do seu cabeleireiro.

"Como é um tratamento agressivo, ele nem queria fazer. Mas eu o convenci". Quatro meses depois, não tem um fio de arrependimento. "Estou a-do-ran-do, por mais que seja tipo cuidar de um filho", diz ela.

Entre os novos cuidados, ela passou a usar dois xampus, um para tirar o amarelado e puxar para o platinado, e o outro para tratamento extremo. Mais uma proteína que aplica direto no cabelo diariamente. E mais uma máscara que deixa agir por dez minutos a cada lavagem, dia sim, dia não. "Não pode lavar todo dia porque fica bem seco."

O custo, calcula Júnior Alves, cabeleireiro do Studio Lorena, em SP, "chega perto ao de criar um cachorro".

"Na real, você vai gastar uns R$ 500 por mês com a manutenção. Mais descolorir e hidratar no salão, que deve custar uns R$ 1.000", ele alerta.

Além de caro, o processo não é para todos os escalpos. "É preciso testar em uma mecha antes de fazer a cabeça toda", ensina o colorista Michael Anderson.

Se os fios não sobreviverem ao teste, desista. "Se a cliente disser que fez chapinha definitiva, mesmo há seis anos, eu não pinto de branco", diz Alves.

Davi Sabbag, vocalista da Banda Uó, acabou de pedir bandeira branca para a cor.

"Estou dando um descanso para os meus cabelos", diz ele, 23 anos de idade e 11 de tintura.

"Via muita gente igual à minha volta", diz ele, que se sentiu carne de vaca. "É chato quando todo o mundo faz. Talvez eu volte quando não for mais moda."


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