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Arte ótica ganha tributo de Vik Muniz

Artista é curador de "Buzz", que tem peças de modernistas como Duchamp e do contemporâneo Olafur Eliasson

Mostra no Roesler Hotel reúne mais de 70 obras que têm como base o questionamento da percepção visual

CASSIANO ELEK MACHADO DE SÃO PAULO

Vik Muniz, 51, defende que o humor e a ilusão de ótica são primos de primeiro grau. "Ambos se apoiam numa estrutura lógica que, de repente, desmorona, deixando o interlocutor sem chão", diz o artista paulistano.

Mas a ilusão de ótica leva vantagem. "A piada não tem graça quando contada pela segunda vez. As ilusões de ótica podem ser vistas quantas vezes quisermos e elas continuam funcionando."

Muniz aponta para uma pintura de 1952 de Geraldo de Barros e diz: "Olha aí uma prova concreta disso".

Ele não está de brincadeira. Curador da exposição "Buzz", aberta no sábado (1) para convidados, ele reuniu nela uma seleção impressionante de obras da chamada op art, ou arte ótica.

A mostra, em cartaz no Roesler Hotel, espaço anexo à galeria Nara Roesler, voltado para mostras coletivas de arte internacional, é composta por 74 peças.

Não é uma seleção ortodoxa. O termo op art apareceu pela primeira vez num artigo da revista "Time" em outubro de 1964. E em torno de seu "cercadinho" acabaram ficando alguns artistas que empregaram fenômenos óticos com a finalidade expressa de confundir os processos da percepção. É o caso de pintores como o húngaro Victor Vasarely (1906-1997) e da britânica Bridget Riley, 81.

Trabalhos destes expoentes fazem parte de "Buzz". Mas nesta, que é sua primeira grande curadoria em território brasileiro, depois de mais de 15 delas no exterior, Muniz selecionou pinturas de mais de uma dezena de artistas que não fazem tradicionalmente parte dessa taxonomia. É o caso de pioneiros da arte abstrata geométrica no Brasil como Ivan Serpa e Waldemar Cordeiro.

Ou de mestres da arte moderna como Marcel Duchamp (1887-1968), de quem a mostra "Buzz" exibe uma obra da série Rotorelief, de 1935, emprestada de um museu de Chicago (EUA).

Muniz argumenta que a arte ótica é o único gênero de arte moderna que não teve quebras ao longo da história. Atravessou guerras, modismos e é feita até hoje.

Grandes estrelas da arte contemporânea, como Anish Kapoor e Olafur Eliasson (de quem "Buzz" também exibe uma obra), usam elementos óticos como base de seus trabalhos, lembra Muniz, para quem o "op" também é o primeiro movimento realmente internacional.

Embora não trabalhe especificamente com a abstração, característica comum à maior parte dos selecionados para a exposição, como artista o próprio Muniz gosta de desafiar a percepção visual dos espectadores.

"Toda a base do meu trabalho é perceptual. Minha motivação para fazer arte é o intercâmbio com o observador", afirma. "Sou fascinado pelo 'gimmick', pelo artifício, que vem desde Giotto."

Mostra de galeria com porte de exposição de museu, "Buzz" não é piada. É ilusão de ótica no seu melhor.


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