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Livro revê início e consolidação da caricatura no Brasil

Historiador Luciano Magno apresenta em cerca de 700 imagens a trajetória do gênero durante o século 19

Pesquisador planeja publicar mais cinco volumes, mapeando a produção gráfica até o início do século 21

MARCO RODRIGO ALMEIDA DE SÃO PAULO

Um mês e meio antes de dom Pedro 1º gritar "Independência ou morte!" às margens do rio Ipiranga, um pequeno jornal pernambucano já tratava, a seu modo, de afugentar os portugueses daqui.

A primeira edição de "O Maribondo", datada de 25 de julho de 1822, trazia a ilustração de um corcunda perseguido por marimbondos. O homem deformado representava os portugueses; os marimbondos, os brasileiros.

O anônimo desenhista da publicação fez mais do que exprimir seu espírito cívico. Para o historiador Luciano Magno, foi o autor da primeira caricatura publicada no Brasil.

O marco inicial dado pelo "O Maribondo" há 190 anos é uma das revisões estabelecidas pelo livro "História da Caricatura Brasileira", cujo primeiro volume Magno lança agora. Pesquisas anteriores se dividiam entre duas datas para o nascimento do gênero entre nós: 1831 e 1837.

Magno, 40, dedicou mais da metade de sua vida às caricaturas. Tanta devoção toma forma em seu livro, o mais ambicioso projeto no Brasil já dedicado ao gênero.

O livro traz cerca de 700 imagens, mapeando o que de mais significativo se produziu na caricatura brasileira no século 19. Nos próximos anos, ele pretende publicar mais cinco volumes, abarcando até o começo do século 21.

No prefácio deste primeiro tomo, o autor explica que adotou uma significação bastante ampla para a palavra caricatura, abrangendo cartuns, charges e outros tipos de humor gráfico.

"A caricatura", escreve ele, "é o mais completo, minucioso e indelével inventário do caráter de uma sociedade".

Até por isso, seu nascimento quase simultâneo ao do Brasil como nação independente é mais do que uma coincidência feliz.

"Em 1822, nós já tínhamos um imprensa nascente, jornais com sentido nativista. Era um momento em que a nação tomava consciência de si própria. Esse contexto favorece a caricatura", diz.

Nas primeiras produções do gênero no Brasil, o corcunda era uma figura recorrente. Durante o processo de consolidação da independência do país, a deformação era uma forma de satirizar os que se curvavam ao absolutismo, contra as ideias liberais.

Apesar da contribuição dos desenhos iniciais, quase todos de autoria desconhecida, o grande salto se dá com o gaúcho Manoel de Araújo Porto-Alegre (1806-1879).

Em 1837, tornou-se o primeiro caricaturista profissional brasileiro. Deixou mais de 70 desenhos de grande refinamento e abriu caminho para mestres que surgiriam nas décadas seguintes, Angelo Agostini (1843-1910) e Cândido de Faria (1849-1911).

"Desde o início a caricatura brasileira apresenta grande qualidade. É uma das maiores tradições satíricas do mundo", diz Magno.

HISTÓRIA DA CARICATURA BRASILEIRA

AUTOR Luciano Magno

EDITORA Gala

QUANTO R$ 120 (528 págs.)

LANÇAMENTO NO RIO hoje, às 19h, na Casa de Cultura Laura Alvim (av. Vieira Souto, 176; tel. 0/xx/21/ 2267-4307)

LANÇAMENTO EM SP amanhã, às 18h, no Instituto Cervantes (av. Paulista, 2.439; tel. 0/xx/11/3897- 9600)


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