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Lynyrd Skynyrd leva rock caipira ao SWU

Atração principal da noite de hoje, banda deve tocar "Sweet Home Alabama", "Free Bird" e outros de seus hits

Letras abordam vida pacata, valores religiosos e conservadorismo do homem típico do Sul dos Estados Unidos

CARLOS MESSIAS
DE SÃO PAULO

Formado em Jacksonville, na Flórida (EUA), em 1964, o Lynyrd Skynyrd é um dos últimos clássicos do rock ainda ativos -mesmo que pouco tenha frequentado o noticiário após o acidente de avião que, em 77, tirou a vida do vocalista, Ronnie van Zant, e do guitarrista Steve Gaines.

A banda foi reformulada dez anos depois da tragédia, com Johnny van Zant, irmão de Ronnie, assumindo o posto de cantor. Outras baixas ainda estavam por vir.

Só em 2009, quando o grupo trabalhava em seu mais recente álbum, morreram o tecladista Billy Powell, integrante da formação clássica, e o baixista Ean Evans.

Ao final daquele ano, o Lynyrd lançou o disco "God & Guns", que, mesmo mais pesado, mantém-se enraizado no gênero "southern rock" (rock sulista, em tradução livre), cruzamento de hard rock, country e blues do qual a banda de Van Zant é uma das maiores representantes, ao lado da Allman Brothers Band.

Protagonista de épicos duelos de guitarra em faixas como "Free Bird" (1973) e "That Smell" (77), o guitarrista Gary Rossington, 59, é o único remanescente da formação original. O elenco que excursiona agora conta com mais dois guitarristas.

"Não aparecemos na mídia, mas temos uma legião fiel de fãs", afirma Van Zant, 51, em entrevista à Folha. "É isso que mantém o Lynyrd Skynyrd vivo."

Do repertório, ele só adianta "Free Bird" e "Sweet Home Alabama" (74), seguramente a canção mais manjada da banda, composta como uma espécie de resposta a "Southern Man" (70) e "Alabama" (72), de Neil Young, dois retratos um tanto ácidos dos "valores sulistas".

DEUS E ARMAS

A imagem do Lynyrd Skynyrd é frequentemente associada à bandeira dos Estados Confederados da América, divisão que reuniu seis Estados escravistas do Sul norte-americano, no período da Guerra Civil (1861-1865).

Como o título entrega, as faixas de "God & Guns" defendem os direitos individuais de louvar a Deus e de possuir armas de fogo. "Se um sujeito entra na minha casa sem ter sido convidado, eu mando bala", dispara Van Zant, que, apesar do discurso virulento, não se considera reacionário.

No caso do Skynyrd, os tais valores sulistas não precisam ser levados a ferro e fogo, já que seus temas variam entre o ideal romântico do homem pacato (em "Simple Man") e o efeito desagregador do álcool (na canção "Devil in the Bottle").

"No final dos anos 1980, tomei um porre, caí das escadas e acabei quebrando as costas. Me senti muito mal quando meu filho me viu de cadeira de rodas. Desde então, passei a pegar bem mais leve na bebida", relembra Van Zant.

Se aquilo que não mata fortalece, o show do Lynyrd Skynyrd hoje à noite promete ser inesquecível.

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