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Crítica romance

Agualusa revê passado colonial com humor

Processo de independência de Angola ganha retrato leve e luminoso em "Teoria Geral do Esquecimento"

Os romances de Agualusa sobre a questão colonial são um necessário contraponto aos de Lobo Antunes

LUIZ BRAS ESPECIAL PARA A FOLHA

Quase uma dúzia de personagens, acompanhados por inúmeros figurantes, conduz o zigue-zague narrativo do breve "Teoria Geral do Esquecimento", romance do angolano José Eduardo Agualusa.

Segundo o autor, o enredo central do romance nasceu do roteiro de um longa-metragem. O filme não saiu do papel, mas virou livro.

Ludovica Fernandes Mano, ou apenas Ludo, é uma portuguesa agorafóbica morando em Luanda, com a irmã e o cunhado, às vésperas da independência angolana.

Quando estoura a guerra civil, os portugueses e seus descendentes fogem do país. Os infelizes que não conseguem escapar são perseguidos e assassinados pelos nacionalistas. Aparentemente é o que acontece com a irmã e o cunhado de Ludo.

Para evitar que seu luxuoso apartamento seja ocupado ou saqueado, Ludo ergue uma parede no corredor, separando-o do resto do edifício. É nesse território doméstico que ela passará os próximos 28 anos, na companhia de Fantasma, seu cão.

Ao longo do romance, a história de Ludo cruzará, de maneira folhetinesca, com a do capitão português Jeremias Carrasco e a do detetive angolano Magno Monte.

No início da guerra civil, Carrasco foi fuzilado a mando de Monte, na época um agente da polícia política. Mas sobreviveu. Com a ajuda de uma enfermeira, Madalena, escapou e se juntou ao povo kuvale, tornando-se um de seus porta-vozes.

Para manter todos sincronizados, ao longo da trama Agualusa precisou passar várias rasteiras na verossimilhança. A liberdade poética foi seu maior trunfo.

Mas há momentos em que esse jogo de coincidências exigiu certas soluções -envolvendo pombos-correio e diamantes, por exemplo- um pouco exageradas.

Os romances de Agualusa sobre a questão colonial são um necessário contraponto aos do português António Lobo Antunes.

Para quem está acostumado com as lamentações pesadas e sombrias de Lobo Antunes, "Teoria Geral do Esquecimento" parecerá leve e luminoso, até mesmo bem-humorado, apesar das inúmeras situações de violenta ruptura social.

LUIZ BRAS é autor de "Sozinho no Deserto Extremo" (Prumo).

TEORIA GERAL DO ESQUECIMENTO
AUTOR José Eduardo Agualusa
EDITORA Foz
QUANTO R$ 34,90 (176 págs.)
AVALIAÇÃO bom


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