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Discopédia

Dupla belga cria projeto de animação musical com 24 episódios, entre eles 'Batuta Discos', de música brasileira

AUGUSTO OLIVANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Não é o que se esperaria de uma seleção de música brasileira feita por dois belgas.
A capa do programa, nomeado "Batuta Discos", também não ajuda: o Cristo Redentor segurando dois vinis parece convidar a mais uma celebração equivocada da batucada que os gringos associam à música brasileira.
Mas os clichês param aí.
"Batuta Discos" é o episódio dedicado ao Brasil no ambicioso projeto Radio Soulwax (veja texto nesta página), concebido pela dupla 2manydjs -dos irmãos David e Stephen Dewaele.
Ao apertar o play, vibram os arranjos densos de Wagner Tiso para "Armina (Vinheta 3)", do grupo Som Imaginário, enquanto instantâneos da cidade de São Paulo se sucedem, mostrando detalhes do coração da cidade -apesar do Cristo Redentor, o Rio não aparece no vídeo.
Sob um viaduto, alguém segura uma placa com a capa ampliada do LP "Correio da Estação do Brás", de Tom Zé, que canta: "Aquele que nasce pobre/sem nome e sem cabedal/não pode trazer o peso/de um pecado original".
As imagens se sucedem ao som de quase cem canções, de artistas onipresentes (Caetano, Gal, Jorge Ben, Tim Maia, Azymuth) e desconhecidos (Cornelius, Alma do Inferno, Annie Perec), passando pelo rock psicodélico, pela MPB e, claro, pelo samba.
Alguns dos versos casam perfeitamente com as imagens. "Mesmo? Que ótimo. Da nossa parte é um 'acidente'. Nós não entendemos nada do que cantam, mas soa bem", conta David Dewaele à Folha.
A ideia do episódio nasceu numa visita a lojas de discos da cidade -a dupla vem todo o ano a São Paulo (a próxima vez será no Ultra Music Festival, que acontece em 3 de dezembro no Anhembi).
"Quando fizemos o mix de 'Batuta Discos' e fomos pensar no vídeo para casar com a música, nos sentamos com Kurt [Augustyns], o cara com quem fizemos este programa, e tivemos a ideia de colocar as capas no 'ambiente' de onde vêm" conta Dewaele.
Ele se diz "feliz pelo resultado, mas desgastado pela empreitada", que levou mais de dois anos, consumiu recursos próprios em quantia não revelada e deve abrir o braço americano da feira de arte ArtBasel, em Miami.
"Se tivéssemos que recomeçar, não tenho certeza se faríamos tudo de novo."

Leia entrevista com David Dewaele
folha.com/no1006091

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