Índice geral Ilustrada
Ilustrada
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Vanessa vê TV

Eu quero "ibagens"

Datena tem se dedicado a conceder entrevistas supostamente sinceras em que se declara um homem infeliz

No último dia 10, o humorista Marcelo Adnet entrevistou José Luiz Datena no "Adnet ao Vivo" (MTV, qui. às 22h30).
Mais uma vez, repetindo o que houve no bate-papo com Marília Gabriela, Datena comandou a entrevista, chegando inclusive a chamar o intervalo no lugar do seu anfitrião.
Desta vez, declarou que "não adianta tentar fingir na televisão", pois não dá pra enganar o público -pretendendo atestar franqueza.
Abordado por um entrevistador nervoso e inexperiente, deitou e rolou: a propósito de uma cadeira, começou falando de Le Corbusier, depois engatou nos gostos artísticos (música clássica e blues) e citou que teria vendido a alma ao Tinhoso em troca da habilidade de tocar violão.
Nos últimos meses, Datena tem se dedicado a conceder entrevistas supostamente sinceras em que se declara infeliz. Elogia o interlocutor, confessa ter sido um pai ausente e marido infiel, diz que é de esquerda e que lê Schopenhauer.
Ao garantir que não faz o que gosta, defrontou-se com o bom-senso de Adnet, que, à diferença de Marília Gabriela, perguntou por que não mudava de ramo. "Porque sou obrigado a fazer, ganho uma puta grana", explicou o entrevistado, confuso, garantindo que seria demitido caso propusesse na Band um tipo de programa mais do seu gosto.
Não me convenceu, mas "Adnet ao Vivo" é tão curto que mal dá tempo de duvidar. O formato é caótico e desperdiça o talento do humorista, que, com tantas tarefas, se vê obrigado a negligenciar o entrevistado e a banda convidada.
Pior: não sobra espaço para o que interessa: seus momentos de falta de assunto, improvisações musicais e imitações de personalidades, como a que fez de Galvão Bueno narrando o UFC e do próprio Datena, com sua mania de trocar o M pelo B.
"Hobens e bulheres de todo o país, eu quero ibagens", pede Adnet. "Me dá ibagens!"
Teria sido interessante ver um quadro sobre os alarmes falsos de Datena no ar, quando ele diz que algo "está parecendo uma bomba pra mim É uma bomba! Não vai lá, César!". E 30 minutos depois: "Que bom que era só uma sacola vazia".
Ou então quando Datena solta: "Cobandante Habilton, onde você está nesse bobento? Assistindo jogo de futebol do helicóptero?!".
E a mais clássica de todas: "Congela o Ulisses! Congela o Neto! Congela o Ceará! Me congela também que nós vamos para o futuro!".

vanessa.barbara@uol.com.br

VANESSA BARBARA passa a publicar semanalmente neste espaço

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.