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CRÍTICA ARTES PLÁSTICAS

Exposição reconstrói lendas e vida no sertão

Sem preconceitos, Museu Afro Brasil usa tecnologia para recriar a caatinga e ajuda a compreender cultura nacional

FABIO CYPRIANO
CRÍTICO DA FOLHA

O momento é de exaltação econômica do país, quando até em propaganda de bebida importada o "gigante adormecido" acorda, e a arte contemporânea brasileira se torna hipervalorizada, como forma de inserção no mercado globalizado.

Neste sentido, a mostra "O Sertão: Da Caatinga, dos Santos, dos Beatos e dos Cabras da Peste", em cartaz até abril do ano que vem no Museu Afro Brasil, em São Paulo, funciona como o filme "Deus e o Diabo na Terra do Sol" (1964), de Glauber Rocha: relembra uma faceta não tão conveniente do país.

Essa faceta -da intensa religiosidade mística, da existência à margem da lei e da simplicidade do viver, tão características do sertão- até parece não se encaixar bem nessa fase de ufanismo mercadológico.

Mas, assim como apontava o longa de Glauber, ela é fundamental para a compreensão da cultura brasileira.

Em 800 peças, com curadoria do diretor do museu, Emanoel Araújo, a instituição reconta a vida de personagens lendários, como os cangaceiros Lampião e Maria Bonita, o padre Cícero e Antonio Conselheiro, líder da saga de Canudos.

No entanto, não se trata de uma mostra que mimetize o sertão em suas características áridas.

A exposição usa da tecnologia para reconstruir esse espaço geográfico e mítico, assim como mistura o erudito e o popular, sem preconceitos -eixo cenográfico, aliás, que caracteriza o próprio Museu Afro Brasil.

VIDA NA CAATINGA

A seção dedicada aos vaqueiros, por exemplo, projeto museográfico de André Scarlazzari, é das mais contundentes.

Suas pequenas casas são reconstruídas de forma detalhista e dramática, permitindo que o visitante tenha uma experiência real da vida na caatinga.

Mas aí também estão imagens de fotógrafos contemporâneos, como Maureen Bisilliat em sua histórica série dos vaqueiros dos anos 1960, ao lado de novas imagens de Márcio Vasconcelos, em sua impressionante "Na Trilha do Cangaço", série vencedora de uma recente premiação da Funarte.

O Museu Afro Brasil, que com essa exposição inicia as comemorações de seu sétimo aniversário de fundação, vem se caracterizando por dar visibilidade a uma história do Brasil que não costuma ser a mais corrente.

"O Sertão: Da Caatinga, dos Santos, dos Beatos e dos Cabras da Peste" serve como mais um ótimo capítulo desse itinerário.

SERTÃO: DA CAATINGA, DOS SANTOS, DOS BEATOS E DOS CABRAS DA PESTE

QUANDO de ter. a dom., das 10h às 17h; até 1º/4/2012

ONDE Museu Afro Brasil (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº, parque Ibirapuera, portão 10, tel. 0/xx/11/3320-8900)

QUANTO entrada gratuita

AVALIAÇÃO ótimo

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