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Atriz busca rejuvenescer em peça de Jô Bilac

Lucélia Santos é dirigida pelo filho em "Alguém Acaba de Morrer Lá Fora"

Peça conta a história de um encontro entre três estranhos num bar cujos destinos são alterados por série de mortes

GABRIELA MELLÃO
DE SÃO PAULO

Em "Alguém Acaba de Morrer Lá Fora", espetáculo que estreou no último final de semana em São Paulo, a atriz Lucélia Santos, 54, revigora-se ao lado de Jô Bilac, autor do texto e um dos mais prestigiados dramaturgos surgidos recentemente.

A atriz é dirigida por seu filho Pedro Neschling, 29, cuja carreira desponta na cena teatral carioca.

"Enceno essa peça com a perspectiva de me atualizar artisticamente e me tornar assim, sob a direção de Pedro, nascido de mim, uma atriz também contemporânea", disse ela à Folha.

Lucélia acompanhava à distância o trabalho de Bilac. Pediu um texto a ele, que lhe enviou um trabalho inédito, do início de sua carreira, com a ressalva de que talvez fossem necessários ajustes.

"Montamos o texto sem mexer uma linha", conta Lucélia. "Jô é um autor de seu tempo, tira as pessoas da rua e as coloca no palco do jeito que elas falam, de forma inteligente e talentosa. Seus diálogos têm a agilidade e a maluquice de um [Quentin] Tarantino", completa.

"Alguém Acaba de Morrer Lá Fora" é inicialmente um texto realista. Enfoca três estranhos em um bar. Cada um ocupa uma mesa e está à espera de uma pessoa.

A misteriosa Laura, interpretada por Lucélia, deseja acertar as contas com alguém que está para chegar.

Cláudio, um homem solteiro em busca de amor, aguarda uma mulher com uma rosa na mão. Marcela, jovem professora de inglês insatisfeita com a vida, espera a irmã, com quem divide um conjugado no centro.

Após a apresentação dos personagens, a trama se fragmenta. Jô expõe quatro finais possíveis para a história.

O destino de cada um dos personagens é alterado por conta de mortes que ocorrem do lado de fora do bar.

É uma tentativa do dramaturgo de brincar com o destino. "Queria discutir os encontros da vida, o acaso, a sorte, a lei da atração e do imprevisto, a violência e o milagre de estar vivo", avalia Bilac.

Para Pedro Neschling, Jô apresenta uma sucessão de possibilidades sobre o mesmo fato, cujo resultado é "um nada". "O texto não é pretensioso. É raso e evidencia justamente o quanto as pessoas são rasas hoje em dia", completa a atriz.

"Ao abordar a ideia de morte, embaralho a sorte do dia, redimensiono o banal e dou proporções de trágico à vida cotidiana", filosofa o autor do texto.

ALGUÉM ACABA DE MORRER LÁ FORA

QUANDO sex. e sáb., às 21h; dom., às 18h; até 11/12

ONDE Sesc Belenzinho (r. Padre Adelino, 1.000, tel. 0/xx/11/2076-9700)

QUANTO de R$ 8 a R$ 32

CLASSIFICAÇÃO 12 anos

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