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Padilha retrata disputa de antropólogos sobre índios

Novo documentário enfoca desavenças quanto ao contato de nativos com brancos

Diretor de "Tropa de Elite" também finaliza "RoboCop" e prepara série para a Netflix sobre Pablo Escobar

RODRIGO SALEM ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

O diretor José Padilha lança seu novo filme em 22 de fevereiro. Mas não é sua esperada refilmagem de "RoboCop", que estreia exatamente um ano depois dessa nova produção.

"Segredos da Tribo" é um documentário filmado por Padilha antes mesmo da estreia de "Tropa de Elite 2" (2010) sobre uma série de brigas entre antropólogos a respeito da presença dos brancos em uma tribo ianomâmi na Venezuela.

Em vez de defender suas teorias, os estudiosos trocam acusações das mais variadas. Eles vão de acusar os índios de serem selvagens que matam por causa de mulher (o que não os diferenciaria de certas tribos urbanas modernas) a denúncias de pedofilia.

"Queira mostrar ao público que até os PHDs das melhores e mais conceituadas universidades do mundo podem se comportar de maneira inaceitável", conta Padilha por e-mail direto de Toronto, onde está terminando "RoboCop".

"Os embates acadêmicos, sobretudo em disciplinas com metodologias questionáveis, tendem a descambar rapidamente para as agressões."

Para compor o roteiro do documentário, Padilha, que é formado em ciências sociais, leu as obras de Napoleon Chagnon e Jacques Lizot, pupilo de Claude Lévi-Strauss (1908-2009).

Além disso, há uma clara referência ao livro "Trevas no Eldorado", de Patrick Tierney, um dos primeiros a denunciar más práticas antropológicas dos pesquisadores nas tribos ianomâmis.

O filme foi apresentado ao público pela primeira vez há dois anos, no Festival de Sundance, e chega aos cinemas no fim do mês com uma distribuição independente, nos moldes de "Tropa de Elite 2".

"Aprendi que a melhor forma de se lançar um filme no Brasil é sem ceder o controle das receitas de distribuição para terceiros", afirma o cineasta. "Resolvi viabilizar o lançamento do 'Segredos' desta forma também. Demorou, mas estou feliz por ter conseguido."

Claro que a distribuição sem "atravessadores" é um privilégio para poucos diretores no país. Mas Padilha está em um de seus melhores momentos.

Na semana passada, a rede de filmes e séries on-line Netflix anunciou que fará uma minissérie com o cineasta brasileiro sobre o traficante colombiano Pablo Escobar.

"É uma história incrível, sobretudo porque lida com a relação que a América Latina e os EUA têm com o tráfico de drogas", afirma.

Além disso, ele desenvolve um projeto sobre a pacificação do morro do Alemão e finaliza "RoboCop", seu primeiro trabalho para um grande estúdio americano.

"A experiência está sendo ótima. A maior diferença é que no Brasil temos poucos recursos e total liberdade. Em Hollywood tem-se muitos recursos, mas uma estrutura para qual os diretores tem de apresentar e defender as suas ideias", escreve ele.


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