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Ativismo e desavenças entre escritores marcam 7ª Fliporto

Tariq Ali defendeu bomba para o Irã e brasileiros discordaram sobre Cuba

DO ENVIADO A OLINDA

Um paquistanês agastado, uma libanesa enfurecida, três brasileiros em descompasso bélico. A sétima Fliporto (Festa Literária Internacional de Pernambuco), encerrada na última terça em Olinda, deveu ao ativismo seus momentos mais marcantes.
Tariq Ali, o paquistanês, lança novo romance no Brasil, "A Noite da Borboleta Dourada" (Record), mas nada falou sobre ficção. Exercitou a faceta de militante esquerdista, atirou em todas as direções e defendeu o direito do Irã à bomba atômica.
Autodefinida "pós-feminista", a libanesa Joumana Haddad criticou mulheres submissas e o velho feminismo. Foi aplaudida de pé.
No debate mais renhido, os jornalistas Fernando Morais, Leandro Narloch e Samarone Lima discordaram sobre Cuba, sistemas políticos e sobre os livros de Narloch, criticados pelos dois colegas.
Morais foi ao palco com um boné do MST e fumou uma cigarrilha, no que foi repreendido por uma espectadora -respondeu dizendo que um dos patrocinadores da Fliporto era a Souza Cruz.
Na porção mais literária, Gonçalo M. Tavares discorreu sobre o poder ambíguo dos livros, e o biógrafo de Borges, Edwin Williamson, falou da relação do argentino com "As Mil e uma Noites".
O Prêmio Nobel Derek Walcott fez uma conferência monótona, marcada pela leitura do seu "Omeros" e por mediação empolada do poeta Marcus Accioly.
Houve também painéis mornos dedicados ao homenageado Gilberto Freyre.
Embora considere que esta foi a Fliporto mais literária das três que coordenou, o curador Mario Helio Gomes diz que as faíscas não foram acidentais. "É preciso provocar público e autores. A literatura não é mais nem o sorriso da sociedade nem prestidigitação da linguagem."
A organização divulgou que 80 mil pessoas estiveram em Olinda entre os dias 11 e 15, estatística aparentemente exagerada -quatro vezes o público da Flip, principal festival literário do país.
Se a programação paralela movimentou a praça do Carmo, a tenda principal só encheu no painel de abertura, do guru Deepak Chopra (que recebeu US$ 85 mil). A maioria dos outros encontros teve menos da metade da lotação, de 900 lugares.

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