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Eventos exploram ligação de Roth com suas origens

Tour percorre lugares de cidade natal do escritor importantes em sua ficção

Livros do americano tratam Newark, localizada no Estado de Nova Jersey, como um personagem

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE NOVA YORK

Philip Roth se incomoda quando o definem como um escritor judeu. "Eu não escrevo em judaico. Eu escrevo em americano. A maior parte do meu trabalho se passa na América. Eu sou americano", diz no documentário "Philip Roth: Unmasked".

"Essa declaração", explica a diretora Livia Manera, "indica a recusa a ser limitado ao papel de escritor étnico".

Embora seja dono de um apartamento em Manhattan, Roth não tem "uma ligação sólida com Nova York". O núcleo criativo da sua ficção é Newark, cidade de Nova Jersey onde nasceu e cresceu.

Ele foi o caçula de uma família judia que entendia Manhattan, a 18 km de distância, como "um lugar tão afastado quanto a Europa".

"Philip Roth: An Exhibit of Photos from a Lifetime", organizada pela Biblioteca Pública de Newark, e "Roth@80", conferência do centro de estudos The Philip Roth Society que ocorre num hotel da cidade na segunda, exploram as origens do autor.

O escritor brasileiro Felipe Franco Munhoz é um dos participantes do evento. Munhoz lerá trechos do seu romance inédito, "Mentiras", baseado na obra do ficcionista americano. Na terça, Roth vai participar de um debate no Newark Museum.

Em cartaz até agosto, a exposição reúne cerca de cem fotos selecionadas pelo escritor a partir da sua coleção pessoal. Algumas imagens mostram a sua casa e escola no bairro de Weequahic.

"Ele pediu para ampliar os retratos em que é criança e aparece com a família", conta o curador James Lewis.

Lugares importantes para a sua ficção são contemplados pelo "Philip Roth's Newark", passeio de ônibus do The Newark Preservation and Landmarks Committee. Os integrantes do tour, do qual Roth já participou, leem trechos dos livros referentes a cada parada.

A maior parte das 31 obras de Roth -19 delas lançadas no Brasil pela Companhia das Letras- incorpora Newark a seus enredos. A cidade aparece, por exemplo, na estreia ("Adeus, Columbus", de 1959) e na publicação mais recente ("Nêmesis", de 2010).

Candidato permanente ao Prêmio Nobel, Roth recebeu as honrarias mais importantes da ficção americana, como o Pulitzer e o National Book Award, além do Man Booker International.

INSPIRAÇÃO

Ele diz ter deslanchado no fim dos anos 1950, após conhecer o trabalho de dois escritores também judeus. Saul Bellow e Bernard Malamud transformaram em ficção suas experiências em Chicago e no distrito nova-iorquino do Brooklyn, respectivamente.

Aimee Pozorski, presidente da The Philip Roth Society, que publica anualmente estudos sobre a obra do escritor, considera Newark um microcosmo dos Estados Unidos.

Segundo Pozorski, obras como "Pastoral Americana" (1997), "Casei com um Comunista" (1998) e "A Marca Humana" (2000) tratam a cidade como um personagem. Seu progresso e decadência resumem a sociedade americana.

"A cidade não revela apenas a América anterior à Segunda Guerra Mundial testemunhada por Roth, mas a evolução posterior desse autor."

Na última década, em livros como "Homem Comum" (2006) e "A Humilhação" (2009) ele tratou de velhice e morte. "Philip Roth: Unmasked" aborda esses temas.

O documentário, entretanto, omite a aposentadoria de Roth, anunciada à revista francesa "Les Inrockuptibles" em outubro passado.

Segundo Manera, ele não vai parar de escrever. "A imprensa deu à declaração um tom sensacionalista", opina ela. "Não ficaria surpresa se ele publicasse um livro em breve."

Roth comenta que "fica deprimido e ansioso" quando não escreve. Nesse intervalo de inércia, acha que a escrita perde "a sua magia."

Para Manera, ele estaria vivendo esse momento ao prometer ser "Nêmesis" a sua última ficção. Roth irá seguir o exemplo de ficcionistas como Alice Munro e Stephen King, que anunciaram a aposentadoria, mas voltaram a escrever. "Não existem ex-escritores", ela diz.


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