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Livro traça mapa-múndi da história das roupas Obra registra evolução e códigos da vestimenta de todos os continentes Volume mostra como fluxos migratórios, clima e religião ajudaram a difundir técnicas e adereços VIVIAN WHITEMANDE SÃO PAULO A globalização dos modos de vestir não é um fenômeno do mundo contemporâneo, mas uma tendência que nasceu quando os primeiros humanos descobriram como criar tecidos rudimentares a partir de fibras vegetais e cobrir o corpo com peles. Partindo dessa tese, o livro "A História Mundial da Roupa" analisa as relações entre trajes e adereços tradicionais de várias partes do mundo. Com uma pesquisa apurada e mais de mil imagens e ilustrações, a obra de Patricia Rieff Anawalt, diretora do Centro de Estudos de Indumentária do Museu Fowler (Los Angeles), pretende traçar uma rede de influências e mostrar como certas peças e padrões sobreviveram ao tempo e aos modismos. Num projeto ambicioso, ela dividiu o mundo em dez áreas de "estilo": Oriente Médio, Europa, Ásia Central, Ásia Oriental, Ásia Meridional, Sudeste Asiático, Oceania, América do Norte, América do Sul e África. Cada capítulo inclui subdivisões. Na parte sul-americana, por exemplo, há páginas dedicadas somente aos índios amazônicos. REDES DE ESTILO Destacando dados geológicos e antropológicos, a autora mostra, por exemplo, como os recorrentes fluxos migratórios da África em direção ao Oriente ajudaram a espalhar hábitos e técnicas de tecelagem desde os primórdios da civilização. Outros fatores, como questões climáticas e religiosas, também entram em jogo na explicação da gênese e da difusão de adereços como os lenços -usados em diferentes culturas como enfeite, proteção e índice de recato. O livro revela ainda como o impacto visual da roupa (suas cores, materiais e técnicas artesanais) desde sempre esteve ligado a rituais de passagem, como nascimentos e casamentos. Há curiosidades muito interessantes. Os bordados florais, por exemplo, comuns nos trajes folclóricos do Leste Europeu, seriam um derivado de imagens pré-históricas de deusas da fertilidade. A figura das deusas muitas vezes era representada com silhuetas de tronco largo e braços feito galhos, as chamadas árvores da vida. Nessas árvores, surgiram desenhos que davam destaque a padrões de flores e plantas, que mais tarde passaram a aparecer sozinhos. Ao folhear o livro, é claro, saltam aos olhos as diferenças da indumentária usada por povos como os esquimós do Ártico e os nômades da África Central. Porém, o que emerge desse caldeirão de dados e imagens não é uma colcha de retalhos, mas um sistema grandioso: a vestimenta como um dos códigos de comunicação mais antigos e importantes na história da civilização. A HISTÓRIA MUNDIAL DA ROUPA AUTOR Patricia Anawalt EDITORA Senac QUANTO R$ 175 (608 págs.) Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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